12/3/2020

Bioengenharia é tema de seminário na FCM/Santa Casa Pesquisadora da USP detalhou as novas tecnologias da engenharia de tecidos ósseos

A bioengenharia ou engenharia biomédica foi o tema, nesta quarta-feira, 12, do Seminário Científico do Departamento de Ciências Fisiológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP).  Estudantes, professores e pesquisadores assistiram à explanação da Profa. Dra. Katiúcia Batista da Silva Paiva sobre a atuação da bioengenharia no desenvolvimento de meios de regeneração de tecidos em seres humanos, com ênfase nos tecidos ósseos. Paiva é pesquisadora do Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, onde coordena o Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular e Interação Celular (LabMec).

Para contextualizar o assunto, a bióloga discorreu sobre a busca milenar da civilização por meios materiais e biológicos que substituam membros, órgãos e tecidos até a contemporaneidade, com marcos científicos como o transplante de órgãos e medula óssea, finalizando com a pesquisa e aplicação de métodos regenerativos a partir da década de 1980 e sua evolução até os dias atuais.

A professora abordou duas vertentes da medicina regenerativa: a terapia celular, que utiliza o transplante de células-tronco e pode ser associada à terapia gênica para combater doenças como o câncer; e a engenharia de tecidos, que repara perdas extensas de tecidos as quais o organismo é incapaz de recuperar sozinho, decorrentes de acidentes, doenças congênitas e envelhecimento, por exemplo.

De acordo com Paiva, a terapia celular avança muito mais rápido que a engenharia de tecidos. No mundo, existem quase 4 mil testes clínicos com terapia celular, sendo 70 no Brasil, enquanto há apenas 40 ensaios que empregam a engenharia de tecidos, com somente 1 em nosso país, conforme dados do National Institutes of Health (NIH). “A terapia celular possui apenas um parâmetro a ser considerado, que é a própria célula. Já a engenharia tecidual é mais complexa, não dependendo somente da célula, mas das condições de cultivo para geração do enxerto e da interação deste com o organismo do paciente para ocasionar a regeneração”, explicou a pesquisadora.

Paiva detalhou as tecnologias atuais de cultivo celular, cujos diferentes modelos permitem maior ou menor interação entre as células e destas com as matrizes extracelulares, bem como podem reproduzir ou não microambiente tecidual encontrado no corpo humano. A professora também comentou os processos envolvidos na bioimpressão 3D, que “imprime” o tecido usando tinta biológica e, segundo Paiva, se desenvolverá muito nos próximos 10 anos, tanto em relação ao uso de novos biomateriais quanto aos modelos de impressoras.

Sobre a bioengenharia óssea, Paiva citou os maiores alvos de tratamento, entre eles as fissuras palatinas, que constituem um problema para a saúde pública, polifraturas, tumores ósseos e perda óssea decorrente do envelhecimento. A bióloga também apresentou as células e biomateriais utilizados para regeneração de tecido ósseo.

Mais informações: katipaiva@usp.br

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