27/2/2019

Cannabis pode ajudar pacientes com câncer Pesquisa é publicada em periódico internacional. Professora da FCM/Santa Casa é uma das autoras

Pesquisadores do Hospital Sírio Libanês e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo publicaram artigo no periódico internacional Frontiers em Oncology em que mostram que a cannabis pode ajudar diversas condições clínicas em pacientes com câncer. Leia em: http://www.fcmsantacasasp.edu.br/wp-content/uploads/2019/02/CASE-REPORT-CLINICAL-OUTCOME-AND-IMAGE-RESPONSE-OF-TWO-PATIENTS-WITH-SECONDARY-HIGH-GRADE-GLIOMA-TREATED-WITH-CHEMORADIATION-PCV-AND-CANNABIDIOL.pdf

A pesquisa está em um contexto que estuda o efeito da Cannabis também em doenças neuro degenerativas, auto-imunes, no câncer, nas epilepsias e epilepsias refratárias, no autismo, nas doenças gastrointestinais, na ansiedade, nos distúrbios do sono, na depressão, na recuperação muscular em atletas, na cicatrização óssea relacionada à fraturas e osteoporose, e dores crônicas.

O sistema endocanabinóide possui um papel importante em diversas reações bioquímicas do corpo humano. Ele está intimamente relacionado ao nosso processo de homeostase, ou seja, nosso equilíbrio interno. O sistema endocanabinóide é constituído pelos receptores canabinóides, chamados CB1 e CB2, os seus ligantes endógenos, os endocanabinóides, que mimetizam os fitocanabinóides, e as proteínas envolvidas na sua síntese e degradação.

É como se esse sistema fosse uma comunicação entre o cérebro e o corpo humano. Está envolvido em vários processos fisiológicos, como a modulação de todos os eixos endócrinos, a modulação da dor, regulação da atividade motora, o controle de processos cognitivos, a modulação da resposta inflamatória e imunológica, a ação anti-proliferativa em células tumorais, o controle do sistema cardiovascular, entre outros. Além disso desempenha também um papel extremamente importante da modulação do apetite, ingestão alimentar e balanço energético, e em órgãos periféricos como o tecido adiposo, fígado, músculo esquelético e trato gastrointestinal.

A pesquisa é um estudo de caso em que dois pacientes pós ressecção subtotal, foram submetidos à quimiorradiação, seguido por um regime de múltiplas drogas (procarbazina, lomustina e vincristina) associado ao canabidiol (CBD).

Ambos os pacientes apresentaram respostas clínicas e de imagem satisfatórias em avaliações periódicas, com aspectos não comumente observados em pacientes tratados apenas com modalidades convencionais. Essa observação pode realçar o efeito potencial do CBD em melhorar as respostas à quimiorradiação que afetam a sobrevida. Os pesquisadores alertam que mais pesquisas com mais pacientes e análises moleculares críticas devem ser realizadas.

Os autores do estudo são Paula B. Dall’Stella, Marcos F. L. Docema, Marcos V. C. Maldaun e  Olavo Feher, do Departamento de Neuro Oncologia do Hospital Sírio Libanês e Carmen L. P. Lancellotti, do Departamento de Patologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Sobre os pesquisadores

A Dra. Paula Dall’Stella trabalha como médica funcional, sendo uma das mais renomadas profissionais no tratamento de doenças crônicas com o uso de medicamentos à base de Cannabis no Brasil. Graduada em Medicina e pós-graduada em neuro-oncologia pelo Hospital Sírio Libanês, fez residência em ultrassonografia geral no Hospital das Clínicas de São Paulo e trabalhou durante 7 anos no setor de radiologia/ ultrassom do Hospital Sirio Libanes. Foi coordenadora do Primeiro Simpósio Internacional sobre Canabinóides na Gestão da Dor, promovido pela Sociedade de NeuroOncologia da Conferência Latino-Americana de 2016. É diretora científica da AMA + ME – Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinais. Faz parte da International Cannabinoid Research Society e da International Association for Cannabis as Medicine.

A Dra. Carmen Lucia Penteado Lancellotti possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (1972), Mestrado em Patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1982) e Doutorado em Patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1990). Atualmente é Professor Titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Anatomia Patológica e Patologia Clínica, atuando principalmente nos seguintes temas: Neuropatologia, com enfoque para Tumores do Sistema Nervoso Central, Epilepsia, Neuroinfecções e Doenças degenerativas cerebrais; Doenças Infecciosas e Parasitárias, com enfoque para AIDS, sarampo, HPV, raiva e esquistossomose; Músculo esquelético, com enfoque para distúrbios do sono; Modelos experimentais e humanos em inflamação, cicatrização de feridas e enxertos; Endometriose Profunda, Alvos Terapêuticos; Responsabilidade Social, Relação Médico-Paciente e Humanização na Medicina e em profissionais da Área da Saúde.