27/9/2018

Evento contra o suicídio Ação teve palestra de psiquiatra da Unifesp e de alunos de ensino médio do Colégio Claretiano

A Liga de Saúde Mental e Psiquiátrica do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) organizou, dia 27 de setembro, Evento contra o Suicídio. Acesse fotos aqui.

O evento, sob responsabilidade de Luciane Régio Martins, professora da FCMSCSP, teve como palestrante Elson de Miranda Asevedo, psiquiatra e pesquisador do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e do Global Mental Health Program da Columbia University, NY.

Asevedo apontou que mais de 800 mil pessoas cometem anualmente no mundo suicídio, sendo esta a segunda causa responsável pela morte de jovens entre 15 e 29 anos. “No Brasil, 30 pessoas por dia cometem suicídio”, afirmou. “É importante lembrar que existe uma relação entre essas mortes e saúde mental. E esta é tratável, com melhores resultados do que outros tipos de doença.”

O psiquiatra alertou ainda que os casos de tentativa de suicídio que chegam no atendimento no Pronto Socorro são a ponta de iceberg, já que estudos apontam que apenas um caso entre cada 17 tentativas são atendidas pelo sistema de saúde. “Se levarmos em conta os casos notificados, para cada três mulheres, um homem tenta suicídio; mas a proporção de homens que obtém sucesso na tentativa é de quatro para cada mulher. Na variável raça, os indígenas apresentam taxas de suicídio sete vezes maiores do que o resto da população.”

Ele também esclareceu alguns mitos sobre o tema suicídio: “Conversar sobre o assunto, ao contrário do que muitos pensam, é positivo. Também não é regra que as pessoas que falam do assunto não têm coragem de cometer suicídio; e muito menos que aqueles que tentam uma vez não repetem a ação até conseguir.”

Um dado importante é que os municípios que apresentam Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) conseguem taxas de suicídio 14% menores do que aqueles que não contam com esse serviço. Asevedo também discutiu riscos sociais (crise econômica, desemprego ou pertencimento a grupos que se sentem marginalizados na sociedade) e individuais (fatores hereditários e  traumas de abuso psicológico ou sexual na infância, entre outros) de suicídio.

“Fatores como depressão e ansiedade precipitam o suicídio, enquanto a flexibilidade cognitiva, ou seja, a capacidade de ver a própria vida e a dos outros sob diversos pontos de vista, e crenças religiosas são inibidoras de tentativas de dar fim à própria vida”, disse o psiquiatra. “Pessoas com mais de 60 anos, por se sentirem inúteis e por se verem como peso para as famílias ou por saberem que têm alguma doença incurável, também elevam as taxas de suicídio, que estão crescendo no Brasil nos últimos anos”, concluiu Asevedo, que encerrou a palestra mostrando como profissionais de enfermagem podem identificar e lidar com pessoas que apresentam baixo, médio ou elevado risco de cometer suicídio.

Houve ainda a apresentação do trabalho ‘Análise socioeconômica sobre o suicídio no Brasil’, de Bruna Barbosa Silva e Daniel Pedro de Andrade, alunos do segundo ano do Ensino Médio do Colégio Claretiano. A pesquisa teve orientação dos professores Fabricio Barbosa Bittencourt e coorientação de Cesar Augusto Araujo Oyakawa.

“O Brasil ocupa oitavo lugar no ranking mundial de suicídios, mas o país possui poucos programas sociais preventivos”, expôs Bruna. “Variáveis como baixa escolaridade e êxodo rural são importantes num tema muito complexo que e ainda constitui tabu na sociedade”, disse Daniel. “Estudamos o impacto financeiro para o país dos suicídios. Também verificamos os gastos governamentais em campanhas publicitárias. Parte disso poderia ser gasto em mais campanhas contra o suicídio, um sério problema de saúde pública”, concluiu a aluna.

Mais informações: luhumaniza2009@gmail