18/5/2019

II Simpósio do Ambulatório de Artes Vocais da Santa Casa de São Paulo Tema foi “A voz da teoria à prática”

O 2º Simpósio do Ambulatório de Artes Vocais da Santa Casa de São Paulo: A voz da teoria à prática ocorreu dia 18/5/2019, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, para  alunos de graduação, médicos, fonoaudiólogos, cantores, atores, professores de canto, regentes e demais interessados nos temas.

Na abertura do evento, a Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva (Fonoaudióloga) e Renata Bittencourt (Otorrinolaringologista) ressaltaram as ações do Ambulatório de Artes Vocais da Santa Casa de São Paulo. O serviço, coordenado pelo otorrinolaringologista Prof. Dr. André de Campos Duprat e pela fonoaudióloga Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva, ambos professores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), atende há mais de 15 anos gratuitamente cantores e atores profissionais.

“O Ambulatório de Artes Vocais realiza exames, avalições e cirurgias na parte otorrinolaringológica e na Fonoaudiologia”, disse Marta. “Fornece ainda orientações, assessoria e terapia para reabilitação. “No Ambulatório também são realizados trabalhos de pesquisa desde iniciação cientifica até doutorados”, ressaltou Renata.

“Fisiologia da produção da voz” foi o tema da palestra do Prof.  Dr. Alessando Murano (Otorrinolaringologista). Ele ressaltou aspetos que dizem respeito a articulações, laringe, pulmões e caixa de ressonância. “A forma de exame evoluiu muito, passando do espelho frontal ara fibra ótica rígida e flexível”, comentou.

Em seguida, a Profa. Renata Bittencourt (Otorrinolaringologista) destacou a importância de se ouvir a história do paciente, as caraterísticas de sua voz e de realizar a laringoscopia. “Saber as demandas demanda de voz do cantor e ator é essencial, assim como avaliar fatores agravantes do seu desempenho”, disse.

A Profa. Dra. Marta A. de Andrada e Silva (Fonoaudióloga), tratou das diferenças entre a voz social e a artística profissional, destacando a necessidade de um trabalho conjunto entre fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, professores de canto, diretores e preparadores vocais. “Entender a queixa do paciente significa ouvi-lo bem”, comentou.

Ao tratar de “Interferência das doenças nasais na Ressonância”, Profa. Renata Bittencourt (Otorrinolaringologista) destacou hábitos comuns que prejudicam a voz, como pigarrear ou usar anestésicos tópicos, como sprays ou balas de gengibre, mel e hortelã, que apenas criam a ilusão de melhoria, pois combatem apenas a dor. “A hidratação é fundamental, assim como repouso vocal, a inalação com soro fisiológico, alertou.

“Refluxo laringofaríngeo e voz” foi assunto da Profa.  Dra. Cláudia Eckley (Otorrinolaringologista). Ela apontou que 40% da população mundial sofrem desse mal e isso se deve principalmente à alimentação e hábitos inadequados, como o consumo excessivo de alimentos ácidos e a práticas como comer e deitar logo em seguida para dormir. “Mudanças de comportamento resolvem 80% dos casos. Nos outros, temos alternativas medicamentosas e cirúrgicas”, comentou.

Juliana Fernandes (Fonoaudióloga e Professora de Canto) desenvolveu o tema “Saúde vocal: mitos e verdades”. Ressaltou que cigarro e fumo são prejudiciais e que pequenos goles de água durante o dia e sono adequado são ótimos caminhos para preservar a voz. “Exercícios como natação, caminhada e corrida são recomendáveis, assim como a prática de ioga e Pilates. Entre os alimentos, a maçã traz benefícios, enquanto o café deve ser evitado”, apontou.

Houve ainda oficinas práticas de A interpretação no canto popular – Profa. Fabiana Cozza (Cantora e Professora de Canto); Distorções vocais no rock: vozes supraglóticas – Prof. Mauro Fiuza (Professor de Canto); Ajustes do trato vocal no canto lírico – Profa. Dra. Nadja Sousa (Cantora Lírica e Professora de Canto); e Projeção na voz cênica– Profa. Ariane  Moulin (Fonoaudióloga).

“ Belting: variedade de subestilos no teatro musical” foi o assunto da Profa. Andressa Marinoni  (Cantora e Professora de Canto), que enfocou brevemente o gênero, lembrando as suas origens, como a ópera, a opereta, o vaudeville e o burlesque. “Alguns marcos importantes são Show Boat, pela música estar inserida no enredo e por tratar de um casal de uma mulher negra com um homem branco, e Oklahoma, pioneiro na maneira de interligar canto, dança e atuação”, comentou.

A Profa. Dra.  Monica Montenegro (Fonoaudióloga) tratou de “Trabalho com o ator: corpo e voz em movimento”, mostrando as relações entre a voz, o corpo e a espacialidade. “A percepção dos próprios volumes é fundamental no sentido de entender a voz como uma dilatação no corpo para se obter uma dilatação espacial, conhecendo as relações entre peso, corpo e voz”, disse.

A Profa. Dra. Joana Mariz (Cantora e Professora de Canto), enfocou “Métodos de ensino de canto”, apontando três grandes tendências: técnico-científica; com ênfase na cultura musical; e que parte do corpo e da alma de cada aluno. “Imprecisões de linguagem e visões pedagógicas idiossincráticas são muito presentes, mas é possível um pouco com cada uma delas”, avaliou.

“Estratégias de aquecimento e desaquecimento vocal” foi o foco do Prof. Marcio Markkx (Professor de Canto), que mostrou como exercícios de aquecer e desaquecer a voz são essenciais para evitar lesões. “Isso é conseguido, no caso do aquecimento, por ações de baixa intensidade que contraem os músculos, geram calor e aumentam a demanda de oxigênio. O resultado é maior intensidade e projeção da voz”, afirmou. “O desaquecimento, menos praticado, traz a a voz para o seu habitual sem gerar traumas.

Ao final do evento, houve o “Bate-papo: dúvidas frequentes sobre voz” com a Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva e a Profa. Renata Bittencourt(Otorrinolaringologista).

Informações: ambulatoriodeartesvocais@gmail.com

A organização do evento foi da Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva (Fonoaudióloga), Prof. Dr. André de Campos Duprat (Otorrinolaringologista) e Profa. Renata Santos Bittencourt Silva (Otorrinolaringologista) e contou com o apoio do Departamento de Otorrinolaringologia da ISCMSP  e do Curso de Fonoaudiologia da FCMSCSP.