Estudos indicam que covid-19 pode causar ou agravar quadro de diabetes

O congresso da American Diabetes Association (ADA) é o maior evento global sobre diabetes.

Em 2021, o congresso realizou a sua 81ª edição em formato virtual – pela segunda vez seguida. 

Além de abordar questões ligadas à doença, o evento ainda trouxe abordagens que dizem respeito à relação entre a covid-19 e diabetes. 

O epidemiologista do Imperial College London, Edward Gregg, fez uma revisão chamada Diabetes e Covid-19: impacto populacional após 18 meses

O estudo apontou uma relação entre covid-19 e diabetes, lembrando que, se de um lado os indivíduos portadores de diabetes possuem pior evolução por conta das diversas condições associadas, por outro o vírus da covid-19, devido ao seu tropismo por células β, pode causar diabetes de início recente ou ajudar com a hiperglicemia na admissão hospitalar.

Existe uma inter-relação entre diabetes e covid-19?

Por meio de uma carta publicada no The New England Journal of Medicine, investigadores, liderados por Francesco Rubino e Paul Zimmet, apontam para o fato de que casos de diabetes com início recente, além de complicações metabólicas graves e agudas de um quadro diabético já existente, foram encontrados em indivíduos que sofreram com a covid-19.

Nessa análise, estão inclusas a cetoacidose diabética (CAD) bem como a síndrome hiperosmolar.

Os fenômenos são grandes desafios no manejo clínico, sugerindo uma fisiopatologia da diabetes ligada à covid-19.

O vírus da covid-19 (SARS-CoV-2) se conecta aos receptores da ECA-2, revelados em diversos órgãos e tecidos metabólicos essenciais, como as células β pancreáticas, intestino delgado, rins, fígado e intestino. 

É possível que o vírus da covid-19 possa acarretar diversas modificações no metabolismo da glicose, complicando a fisiopatologia da diabetes já existente ou até mesmo causando novos mecanismos. 

Há precedentes para uma etiologia viral para diabetes propensa à cetose. 

Essas análises dão base para a suposição de um efeito em potencial diabetogênico da covid-19, indo além da resposta (já conhecida) ao estresse ligado às doenças mais sérias. 

É apontada ainda uma urgência em definir a diabetes relacionada à covid-19, essencialmente, em grupos que foram afetados de forma desigual pelos maus resultados em infecções pelo vírus – como os de pessoas com obesidade e negras. 

Estudo da Fiocruz analisa impacto da inflamação da diabetes na covid-19

Nessa linha de investigação sobre a relação entre covid-19 e diabetes, estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Bahia investigou os reflexos da inflação crônica da diabetes no desenvolvimento de casos graves de covid-19. 

Mesmo tendo comprovação científica de que a doença é um fator de risco para as pessoas com covid-19, não se sabe ainda quais os mecanismos que estão relacionados nesse quadro. 

Foram coletadas amostras de sangue de 53 pacientes contaminados com e sem diabetes, durante os dois primeiros dias de internação na cidade de Salvador. 

Os pacientes ainda não estavam vacinados, uma vez que a coleta foi feita no ano passado. 

Os resultados mostram que a doença foi relacionada a vários distúrbios que possuem conexão com o vírus, como a baixa pressão arterial, diminuição da saturação de oxigênio e crescimento da duração da doença.

Entre as pessoas com diabetes foi percebido um crescimento no volume da molécula leucotrieno B4, ligada à inflamação e demora da cicatrização nessas pessoas. 

Esse é um dos motivos para as alterações registradas. 

Por conta da lesão no pulmão ocasionada pela resposta inflamatória ao SARS-CoV-2, as pessoas com esse aumento demandaram cuidados intensivos com mais frequência quando comparadas às outras. 

Na análise realizada pelos cientistas, os números de mortes foram iguais entre as pessoas internadas com e sem diabetes. 

Porém a gravidade da doença foi mais elevada naqueles com a comorbidade. 

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