vem pra santa

A estudante Ana Luísa Abutara Novaes, do 6º ano de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), realizou um estágio de pesquisa na Finlândia, onde desenvolveu parte de seu projeto de Iniciação Científica de Analise de Voz em Saúde Mental, financiado pela FAPESP e orientado pelo Prof. Dr. Lucas Murrins Marques, do Departamento de Saúde Mental da Faculdade.

O projeto integra uma linha de pesquisa coordenada pelo Prof. Dr. Ricardo Uchida, chefe da Psiquiatria da Santa Casa de SP, e tem como objetivo identificar sintomas de depressão por meio da análise de voz, utilizando-a como um biomarcador acessível e de baixo custo para o rastreamento de transtornos mentais.

Sua participação no grupo de pesquisa surgiu a partir de um estudo anterior realizado com alunos de cursinho pré-vestibular, no qual foram analisadas redações e textos formais para identificar padrões linguísticos relacionados ao estado emocional. Os resultados levaram à expansão do projeto, agora voltado para sinais vocais.

A pesquisa utiliza um software de análise de voz desenvolvido por Felipe Aguiar, que coleta e analisa amostras de voz a partir de pequenas falas gravadas. Os participantes contam de zero a dez, gerando dados que alimentam um sistema de inteligência artificial capaz de reconhecer padrões associados a sintomas depressivos. A partir desse resultado, haverá uma comparação com scores diagnósticos tradicionais. O estudo demonstra que a análise de voz pode se tornar uma ferramenta viável e de baixo custo para ampliar o acesso ao diagnóstico precoce em saúde mental.

Experiência internacional na Finlândia

Com o apoio do orientador, Ana Luísa buscou um centro de pesquisa fora do Brasil e foi aceita no Turku PET Centre – Emotions Lab, sob supervisão do pesquisador Lauri Nummenmaa, referência internacional em neuroimagem e emoções.

Durante o estágio, a aluna teve contato com pesquisas avançadas em neurociência e psiquiatria intervencionista, incluindo infusão de cetamina, eletroconvulsoterapia, estudos com fMRI e Total Body PET, além de participar de um curso de análise de PET e fMRI no contexto de pesquisa.

A experiência proporcionou uma imersão em um grupo multidisciplinar formado por profissionais de Medicina, Psicologia, Física e Química, permitindo compreender o fluxo completo da pesquisa — desde o desenvolvimento do radiofármaco até o atendimento ao paciente.

Ana Luísa também apresentou seu projeto desenvolvido no Brasil, que despertou grande interesse entre os pesquisadores estrangeiros. “Conforme fui ganhando a confiança deles, pude apresentar o meu projeto em uma das reuniões semanais”, diz.

“Apresentei a minha iniciação científica e pude compartilhar um pouco do grupo de pesquisa do Dr. Uchida. Eles ficaram muito interessados, me deram críticas positivas e fizeram alguns comentários e sugestões. Foi muito importante fazer esse contato com a Universidade de Turku, para futuras conexões. Foi tudo muito enriquecedor e inspirador”, explicou Ana, entusiasmada.

Formação científica e impacto social

A trajetória de Ana Luísa reflete o compromisso da Faculdade Santa Casa de SP com a formação médica de excelência e com o fomento à pesquisa científica de relevância social. O estágio internacional reforça a importância da ciência colaborativa e da internacionalização acadêmica — pilares fundamentais para o avanço do conhecimento e o fortalecimento da pesquisa nacional.

“Foi muito importante ter essa troca com pessoas de outras culturas no contexto de ciências da saúde. O contato que tive com a psiquiatria finlandesa, principalmente a parte intervencionista, foi muito interessante pra criar novas perspectivas de carreira e de funcionamento do sistema de saúde.  Além disso, foi bom se afastar do contexto em que vivi nos últimos 6 anos pra voltar mais agradecida e valorizando as inúmeras qualidades que a Santa Casa tem”, aponta a aluna.