O evento aconteceu em 19 de setembro e apresentou estratégias para melhorar a comunicação em saúde, em ensino e no trabalho
O Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) realizou, em 19 de setembro, o XV Seminário Profª Dra. Hideko Takeuchi Forcella. O anual evento contou com a presença de alunos e professores da Faculdade e teve como objetivo debater sobre comunicação em ambientes de trabalho, inclusive no atendimento de enfermagem.
A abertura contou com a presença da Diretora do Curso de Enfermagem, a Profª Dra. Lívia Keismanas de Ávila. Na oportunidade, a professora Lívia apresenta quem foi a Profª Hideko Takeuchi Forcella e sua importância para a Instituição.
De acordo com a professora, a Profª Hideko Takeuchi Forcella foi professora da Faculdade e atuou, principalmente, para desenvolver a comunicação entre paciente e profissional da saúde, mas, também, da comunicação e interação docente-discente.
A professora Hideko também auxiliou em programas que priorizem a saúde mental da comunidade acadêmica e criou uma tutoria do Curso de Enfermagem. Desta forma, o seminário é uma forma de homenageá-la pelos serviços prestados não só para a Faculdade, mas para a área da Comunicação em Saúde.
“Esse espaço é de diálogo, não é só de conhecimento, mas também de compartilhamento de experiências. É para levar a história da professora Hideko Takeuchi Forcella para outros estudantes e para Enfermagem e que ela se mantenha como um importante e significativa enfermeira no espaço da comunicação interprofissional, transprofissional, multiprofissional e entre nossos pares”, diz a professora Lívia.
Após a abertura, o Seminário contou com duas palestras acerca do tema.
A primeira palestra teve como tema a “Comunicação no ambiente organizacional”, ministrada pela Psicóloga Patrícia Gonçalves Kost. Na oportunidade, a psicóloga explicou sobre o que é comunicação e como ela reflete em nossas relações, podendo criar ou resolver problemas.
Além disso, a profissional também falou sobre os diferentes tipos de perfis dentro de uma organização e os diferentes tipos de comunicação, inclusive a não verbal. Para a comunicação deve ser clara para não gerar frustrações, uma vez que o impacto desta comunicação é baseado em experiências individuais.
“A gente não tem a responsabilidade do quanto isso vai impactar no outro, mas a gente tem a responsabilidade de como a gente vai falar sobre essas informações. Isso dentro de uma organização é fundamental, quer seja quando a gente está no papel de estudante, docente ou dentro de diferentes papeis que teremos na organização, a gente é esse cartão de visita, essa identidade da empresa. A comunicação reflete em como as pessoas vão nos perceber”, explica a psicóloga.
Por fim, Patrícia explicou como surgiu a Comunicação Não Violenta e apresentou alguns exemplos práticos da CNV que possam ser seguidos após seguir o processo de observação, sentimento, necessidade e pedido entre os dois indivíduos. A psicóloga também comenta a necessidade de educar as pessoas a se tornarem mais assertivas, uma vez que uma comunicação clara e planejada oferece benefícios na equipe de trabalho, no atendimento à saúde ao humanizar o paciente e na formação discente.
Já a segunda palestra teve como tema a “Comunicação não violenta entre pares” e contou com a presença da Profª Dra. Simone Ferreira da Silva Domingues. Na oportunidade, a professora apresenta sobre Teoria da mente e sobre a Comunicação Não Violenta.
De acordo com a professora, as pessoas aprendem a se comunicar por repetição e orientação dos pais, o que oferece abertura aos estereótipos influenciarem na comunicação e como os indivíduos agem. Além disso, a professora enfatiza que as pessoas têm compaixão e habilidades altruístas, mas que as experienciais sociais transformam algumas delas em pessoas egoístas. Desta forma, a comunicação não violenta é utilizada para solucionar este problema humanitário.
“A Comunicação não violenta é um exercício. Os seres humanos são naturalmente bons e compassivos e não violentos e a gente resgata isso em nós quando vemos, por exemplo, o que aconteceu no Sul. Nós temos esse espírito de cooperação, mas tem momentos que não percebemos o outro”, explica Simone.
A professora comenta que a CNV não é ser dócil, mas saber ler a realidade e as necessidades do outro, além de saber melhor como expressar melhor seus sentimentos, transformando as reações automáticas em processos conscientes.
Por fim, Simone relata que por trás de toda necessidade, há um comportamento. Quando uma pessoa é agressiva, por exemplo, isso ocorre porque uma necessidade dela não foi compreendida e o primeiro passo para superar essa reação é por meio da empatia, de entender a perspectiva do outro e acolhê-lo, mas não resolver o problema dele e sim estar ao lado desta pessoa, ouvindo o que ela tem a dizer, enquanto ela oferece alternativas para solucionar este problema.
Ainda segundo a professora, se há violência é porque há problema de relações, que foram comprometidas por uma comunicação falha. Assim, apesar do processo ser difícil, é necessário treinar a CNV para superar estas falhas e apresentar, da melhor forma possível, a necessidade de cada indivíduo.
“Quando a gente vence os nossos medos e as nossas inseguranças, a gente consegue se expor mais, a colocar melhor os nossos sentimentos e colocar aquilo que de fato a gente acredita que seja melhor naquela situação”, diz.
“Isso nos leva ao estado natural de compaixão em relação às pessoas, transforma a nossa relação com os outros, e é importante que a expressão sobre os sentimentos seja honesta e clara. Que ouvir a pessoa seja honesto, que seja claro, de fato, que você tem o interesse de motivar, no sentido desse conflito, ser resolvido. A comunicação, obviamente, precisa ser trabalhada, não é um processo simples”, conclui a professora.