Generic filters
Somente termos exatos
Buscar no título
Buscar no conteúdo
Search in excerpt

vem pra santa

01/07/2024

Alunas de Fonoaudiologia realizam roda de conversa com pacientes com Afasia

Com vídeo sobre o Junho Amarelo e depoimento dos pacientes, a atividade encerrou o estágio "Distúrbios Neurológicos Adquiridos"

Alunas do 4º ano do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) realizaram, em 27 de junho, uma roda de conversa sobre Afasia com pacientes da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP).  

A atividade faz parte do Estágio “Distúrbios Neurológicos Adquiridos”, do curso de Fonoaudiologia, e teve como objetivo encerrar as ações do semestre, comemorar o mês de Conscientização da Afasia, bem como colher os depoimentos dos pacientes sobre como foi o tratamento durante estes seis meses e as principais melhorias conquistadas. 

A afasia pode ser um sintoma ou uma sequela de uma doença, é um distúrbio que pode afetar tanto a língua oral, quanto a escrita. Dentre os principais incômodos relatados por pessoas com afasia estão: dificuldade para falar, dificuldade para compreender a fala dos outros, bem como a dificuldade para escrever e para ler. Ou seja, o distúrbio interfere em todo o processo de comunicação de um indivíduo. 

A afasia surge devido a lesões cerebrais, sendo que a função cognitiva é afetada com base no local em que a lesão cerebral se encontra. No caso dos pacientes atendimentos pelas alunas da Faculdade, todos adquiriram Afasia após Acidente Vascular Cerebral (AVC).  

Sob orientação da Profª Dra. Ariella Fornachari Ribeiro Belan, as alunas do curso de Fonoaudiologia acompanharam, por um semestre, oito pacientes que foram encaminhados da Neurologia, Neurocirurgia e do Ambulatório de Neurologia Clínica da Irmandade da Santa Casa de São Paulo.  

O atendimento consistia na reabilitação multidisciplinar de pessoas com Afasia. Apesar das alunas acompanharam por um semestre, devido ao estágio, o tempo de atendimento depende da necessidade, dificuldades e objetivos dos pacientes.  

No evento, todos os pacientes e seus acompanhantes assistiram um vídeo feito pelas alunas do estágio sobre o mês de conscientização de afasia. De acordo com a professora Ariella Belan, a principal missão de um fonoaudiólogo, além de recuperar a linguagem, é fazer com que mais pessoas compreendam o sintoma e que os pacientes possam retomar com uma vida autônoma, incluindo no meio de trabalho, após o AVC. 

Após a exibição do vídeo, as alunas, que estavam emotivas, puderam agradecer a parceria ao longo do semestre. “Quando a gente entra na Fonoaudiologia, muitas vezes a gente não sabe a dimensão que é e a quantidade de coisas que a gente pode fazer, e quando a gente entra no 4º ano, a gente tem acesso a tudo o que aprendemos na teoria e começa a ver na prática. E na prática tem algumas coisas semelhantes, mas cada um é especial”, diz a aluna Vitória Beraldo. 

“A Afasia tem aqueles acometimentos, mas a forma que afeta a vida da pessoa é individual de cada um. Nós todas pudemos aprender com vocês e que vamos levar para a vida toda”, conclui Vitória. 

A aluna Maria Fernanda Batista de Oliveira também pode agradecer todos os pacientes, em especial aqueles com quem ela teve mais contato. “Cada um tem uma singularidade, cada um tem algo de necessário que vai muito além da queixa e da fonoaudiologia. Sou muito grata pela confiança de cada um pelo nosso trabalho”, diz. 

“É muito bom conseguir ajudar da forma que a gente pode, muito bom conseguir ver e tocar na vida de vocês. E é muito gratificante, para mim, como estudante ter essa experiência de todos poderem ouvir os casos de quem eu não tinha contato, me marcou muito”, diz a aluna Letícia Nascimento. 

Na oportunidade, alguns acompanhantes relataram como foi o tratamento e processo de adaptação após o AVC até os dias de hoje, percebendo a evolução de seus familiares e quais foram as alternativas para não só compreender o outro, mas para que a afasia não gere casos de solidão ou depressão. “Eu espero que vocês peguem casos mais complicados no futuro, porque, assim, vai ficar mais fácil pra vocês fazerem a diferença e cuidar de quem precisa”, diz um deles. 

“Não é fácil para quem precisa. A gente não entender o outro é difícil e não porque a gente é estúpido ou que não queira, mas é a nossa ignorância de não saber o que o outro está passando, e o outro sofre porque precisa e não tem quem ajuda”, comenta. 

Os pacientes e familiares também agradeceram as alunas pela parceria ao longo do semestre e tiraram dúvidas sobre AVC e os principais fatores de risco, bem como sobre exemplos de tratamentos da afasia.  

Dentre as perguntas, foi questionado se é possível a recuperação completa de um paciente afásico. De acordo com a professora, já houve casos de pacientes que se recuperaram 95%, como o caso de Hugo, um dos pacientes presentes que fez um relato de seu progresso: 

“Não falo como antigamente e minhas palavras são mais simples, mas em comparação ao que eu falava há quatro anos depois do AVC para hoje, está 100%. Em seis meses, vocês me ajudaram muito tanto com a minha escrita, minha fala e na parte pessoal também. Mal dá para identificar minha afasia. Eu trocava o nome das coisas, chuveiro para mim era feijão. Gesticulava para chamar minha esposa, meus filhos eu ficava quieto porque não ia conseguir chamar. Então, é difícil? É. Dói no coração? Muito. A gente tinha uma vida normal e de repente para tudo, minha vida era falar. Ainda falta melhorar muita coisa, mas agora consigo falar bem melhor do que antes”, explica Hugo, agradecido. 

No final do evento, a professora também explicou o papel da avaliação fonoaudiológica, que tem como objetivo de compreender potenciais de melhora na realidade de cada indivíduo, e quais serão as orientações da reabilitação durante as férias acadêmicas.   

Clique aqui e assista o vídeo feito para a Campanha Afasia 2024 da Faculdade.

Confira as fotos de como foi o evento: 

 

Mais notícias