Nos dez dias de atendimento foram realizadas 583 consultas médicas em 26 comunidades
Alunos e professores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) que participaram da Expedição Abaré 2024 apresentaram em 2 de outubro os resultados da ação extensionista que iniciou em 21 de agosto.
Este foi o quarto ano consecutivo que a Faculdade participa do projeto que leva assistência médica e promoção em saúde a populações ribeirinhas e indígenas residentes às margens do Rio Tapajós, no estado do Pará. O projeto é realizado em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), com a Rede Integrada de Desenvolvimento Humano (RIDH), além das secretarias de saúde dos municípios envolvidos.
Com dez dias de atendimento, foram realizadas 583 consultas médicas em 26 comunidades nos municípios de Alveiro e Belterra, localizados na região oeste do estado e consideradas pela equipe como as mais defasadas na área da saúde. Em cada um dos consultórios instalados no navio hospital-escola, foram realizadas cerca de 727 triagens, 56 cirurgias, 195 consultas odontológicas, 54 pré-natal, 8 papanicolau além de distribuir mais de 10 mil medicamentos. Nesta edição, também ocorreu, pela primeira vez, a realização de 47 ultrassonografia. Consultas domiciliares, ações formativas de Atenção Primária à Saúde e iniciativas de Educação em Saúde também foram incentivadas.
Nesta edição foram 13 alunos e sete professores da Faculdade, sendo que a Expedição Abaré faz parte do estágio eletivo do desenho de carreira dos estágios de Infectologia e de Atenção primária à Saúde do curso de Medicina.
De acordo com a Profª Dra. Karla Monteiro, Coordenadora da Expedição Abaré nesta edição, apesar de poucos dias de viagem, a experiência transformou a vida dos alunos e pacientes, desenvolvimento um atendimento médico mais ético, criando justiça social, acolhimento e autonomia ao paciente.
Já para a Profª Dra. Giselle Klautau, Coordenadora do Curso de Medicina, reforça que o Abaré fica eternizado na conduta médica de quem participa, formando melhores profissionais. A professora também relembrou de ex-alunos que participaram de outras edições e que hoje atuam em comunidades periféricas e ribeirinhas.
Na oportunidade, as alunas do último ano do Curso de Medicina, Eduarda Curiati e Laíse Marine, deram seus depoimentos sobre como foi participar da Expedição Abaré, compreendendo que puderam levar a humanidade e competência da Santa Casa de São Paulo para a população que mora próxima ao Rio Tapajós.
De acordo com Eduarda, só é possível compreender a verdadeira importância do Abaré quando participa da expedição. “Antes do Abaré, em nenhum momento eu me sentia pronta para ser médica, apesar de ter a experiência do internato. Lá eu estava consultando o paciente sozinha e sempre pensando o que posso fazer por ele e só confirmava para o nosso preceptor se poderia ser assim. Nos primeiros dias ainda tinha uma insegurança, mas conforme os dias foram passando, a gente teve mais liberdade e segurança da nossa própria conduta. Eu voltei pro Abaré muito diferente, muito mais tranquila que posso me formar como médica e muito feliz pela experiência”, diz.
Já a Laíse pode perceber que apesar da Faculdade e do Hospital da Santa Casa de São Paulo oferecem uma formação muito rica do convívio com o paciente, a experiência do Abaré é muito mais enriquecedor. “Eu me inscrevi de última hora, achei que a experiência não era pra mim, e no fim foi a melhor decisão que tomei até agora durante toda a minha graduação. A experiência que a gente tem lá, atendendo essas pessoas, na casa e realidade delas, e fornecer, com o que elas têm, alternativas para que possam ter um cuidado melhor de saúde não tem preço. Durante a graduação a gente pensa muito no aprender, mas no Abaré a gente pensa em que tipo de médico queremos ser e em como você vai proceder diante das dificuldades”, reforça a aluna.
As alunas também leram alguns depoimentos de outros alunos que participaram da 4ª Edição do Abaré. Confira alguns deles:
“Diria que é uma experiência transformadora, pegar o sentimento de humanidade e amor de ser médico que a rotina caótica nos faz esquecer. A gente volta transformado”
“Acredito que o Abaré foi essencial em minha formação por proporcionar um ambiente onde pude exercer a rotina da residência e a prática real da medicina, onde pude desenvolver minha autonomia e aprender a lidar com a responsabilidade intrínseca à profissão medica”
“O Abaré nos fez trabalhar com toda a nossa potência e fragilidade, nos fez enxergar beleza de dores que no dia a dia, às vezes, passa despercebido. Foi um resgate importante do privilegio do que é cuidar”
“A limitação de recurso e a vontade insaciável de fazer mais por pessoas tão carentes nos frustra e, ao mesmo tempo, nos faz crescer, entre várias coisas, na busca de outras maneiras de atender que são igualmente eficazes.”