25/10/2021
Lucas Maschietto Boff, aluno do 5º ano do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), teve o artigo em que participa como autor sobre a ocorrência do linfoma de Hodgkin em crianças e adolescentes selecionado para apresentação no Congresso da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP 2021), que ocorreu de 21 a 24 de outubro. O trabalho foi orientado pelos pesquisadores americanos Erin Peckham-Gregory, Philip Lupo e Michael Scheurer e teve a participação da pesquisadora brasileira Karina Ribeiro.
O trabalho científico foi iniciado durante o estágio de Maschietto na Baylor College of Medicine (Houston, EUA) em 2020, por meio do intercâmbio do programa Pesquisadores do Futuro que é realizado através do Núcleo de Relações Internacionais da FCMSCSP, coordenado pela professora doutora Ana Luiza Navas. Ao todo, são nove pesquisadores envolvidos no trabalho, sendo sete dos EUA e dois do Brasil. O principal mérito do artigo está no fato de ser o maior estudo já publicado na literatura médica sobre o tema, reduzindo a possibilidade de que Hodgkin seja causado por defeitos congênitos do nascimento como problema no coração e pé torto.
No artigo “Papel dos defeitos congênitos não cromossômicos no risco de desenvolvimento do Linfoma de Hodgkin: um estudo do Grupo de Oncologia Infantil (Role of Non-Chromosomal Birth Defects on the Risk of Developing Pediatric Hodgkin Lymphoma: a Children’s Oncology Group Study) foram estudados os casos de mais de 500 crianças e adolescentes com linfoma de Hodgkin que foram acompanhadas em hospitais dos Estados Unidos, Canadá e Porto Rico. Portanto, o estudo é o maior já realizado para elucidar essa associação.
O linfoma de Hodgkin apresenta uma distribuição etária bimodal, atingindo jovens e adolescentes principalmente na faixa etária entre 18 e 30 anos e pessoas mais velhas, com idade entre 70 e 85 anos. No caso dos jovens, a incidência desse linfoma está geralmente associada a alguns fatores como infecção pelo vírus de Epstein-Barr, que é transmitido pela saliva. Já nos idosos, a ocorrência estaria relacionada às diversas exposições do decorrer da vida, além de fatores genéticos e ambientais.
O trabalho trata dos defeitos congênitos que afetam um em cada 33 nascimentos — estatística dos EUA — e são um fator de risco importante para vários cânceres infantis. De acordo com Maschietto, estas associações não eram claras para o linfoma de Hodgkin. “Procuramos elucidar melhor a associação entre defeitos de nascença não cromossômicos e linfoma de Hodgkin”, disse. “Observamos que os defeitos congênitos não demonstraram ser fator de risco para o desenvolvimento do linfoma de Hodgkin. A etiologia do linfoma de Hodgkin é multifatorial com fatores diversos e complexos implicados em sua patogênese.”
O artigo será apresentado no SIOP 2021 nesta sexta-feira (22/out) para pesquisadores do mundo inteiro, sendo este o maior congresso do mundo na área de Oncologia Pediátrica. Por conta da pandemia de covid-19, o congresso será realizado virtualmente. A SIOP, cuja visão é que nenhuma criança deva falecer de câncer, é a única sociedade global multidisciplinar inteiramente dedicada ao câncer pediátrico. A sociedade tem mais de 2,6 mil membros em todo o mundo, incluindo médicos, enfermeiros, outros profissionais de saúde, cientistas e investigadores. Os membros dedicam-se a aumentar o conhecimento sobre todos os aspectos do câncer infantil.