17/2/2019
Artigo sobre dispositivo para fluorescência intraoperatória é publicado por pesquisadores da Faculdade de Ciência Médica da Santa Casa de São Paulo e da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. na revista internacional World Neurosurgery. Intitulado ‘Low-cost device for fluorescein guided surgery in malignant brain tumor’, pode ser acessado em 10.1016/j.wneu.2017.04.169
O dispositivo pode ser utilizado em microcirurgia dos tumores cerebrais malignos (gliomas de alto grau e metástases por exemplo), angiografia intraoperatória com fluorescência, e ainda para usos iniciais para abscessos cerebrais e para guiar áreas de biópsia.
Renan M. Lovato, neurocirurgião, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e um dos autores do artigo, lembra que há duas opções para Fluorescência nos Tumores Cerebrais: Fluoresceína e 5-ALA, utilizadas com microscópios de alto custo, já que o módulo de fluorescência acrescenta valor aproximado de 270 mil reais cada no equipamento. Porém, enquanto a 5-ALA custa aproximadamente 900 Euros na Europa e não é vendido no Brasil, a Fluoresceína custa R$ 18,00.
A Fluoresceína é uma droga com ótimo perfil de segurança, uma reação anafilática a cada 15 mil usos, é usada amplamente em oftalmologia e na Neurocirurgia Oncológica, desde 1948, e, na Neurocirurgia Vascular, desde a década de 1960, havendo um retorno ao uso após a criação de módulos em microscópios modernos.
O estudo concluiu que, tendo em vista que um dos fatores que mais impactam no prognóstico dos pacientes é o grau de ressecção, na cirurgia tradicional 36% dos pacientes conseguem ser submetidos a ressecção macroscópica total, já com a Cirurgia Guiada por Fluorescência esse número sobe para até 80%.
O dispositivo, portanto, tem custo mais baixo e permite realização do procedimento dentro da realidade da saúde no Brasil. Além disso, o medicamento utilizado também tem custo baixo e bom perfil de segurança.
Lovato informa ainda que, na Angiografia Intraoperatória, o uso da Fluoresceína substitui o uso da Indocianina Verde (ICG), com melhor visualização de vasos pequenos (artérias perfurantes) e campo cirúrgico profundo, pois a ICG é melhor para visualização de vasos de calibre maior.
Em Aneurismas, a Fluoresceína confirma a exclusão e manutenção da potência dos vasos envolvidos, o que evita a isquemia cerebral; e, em Malformações Arteriovenosas, ajuda no planejamento da cirurgia para confirmar artérias nutridoras e veias de drenagem
Também assinam o artigo João Luiz Vitorino Araujo, do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, Hospital Nove de Julho, Hospital Bandeirantes e Hospital Israelita Albert Einstein, e José Carlos Esteves Veiga, do Departamento de Cirurgia da FCMSCSP.
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