25/5/2019

Atletas Daniel Dias e Arthur Zanetti participam do I Congresso Paulista Acadêmico de Medicina do Esporte e Exercício Evento ocorre dias 25 e 26 de maio

Realizado na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), o I Congresso Paulista Acadêmico de Medicina do Esporte e Exercício, realizado dias 25 e 26 de maio de 2019, foi organizado por 13 ligas acadêmicas do Estado de São Paulo, abordando temas gerais e pilares da medicina esportiva, de modo a fornecer informações sobre essa especialização fundamental para prevenção da saúde e para aumento da performance.

As palestras abordaram temas variados, como endocrinologia, cardiologia, nutrologia e suplementação, além de uma mesa redonda de ortopedia e outra com o tema “transexuais no esporte”, além de 5 workshops e apresentação de trabalhos científicos. Por ser um evento multidisciplinar, também estiveram presentes diversos especialistas na área entre médicos, fisioterapeutas, e os atletas olímpico Arthur Zanetti e paralímpico Daniel Dias.

Na abertura, dia 25, o diretor da FCMSCSP, o Prof. Dr. Paulo Carrara, destacou a importância do evento. “Acolher e abrir espaço para ações como está é uma das características da Faculdade. Parabéns pelas temáticas escolhidas e qualidade dos convidados” disse. Integrante da mesa de abertura e primeiro palestrante, Dr. Fernando Bianchini, em sua “Introdução à Medicina Esportiva”, lembrou que existe mais de mil médicos especializados na área no Brasil. “É uma área em crescimento, que ganhou mais destaque após o falecimento, em 2004, do jogador de futebol Serginho, do São Caetano”, afirmou.

A Dra. Karina Hatano tratou da “Tríade da Mulher Atleta”, destacando questões como a arte da biomecânica na corrida e os problemas que o salto alto pode causar nas mulheres. “Há questões essenciais, como a flutuação hormonal devido á menstruação e suas consequências no metabolismo, além da necessidade de uma conduta alimentar adequada para melhor performance”, comentou.

“Avaliação e seguimento do atleta” foi a palestra de Gustavo Magliocca. “Nosso foco é a performance. Para isso, a avaliação pré-temporada é essencial. A partir daí, é possível fazer avaliações e estabelecer um plano de controle. E o estilo de vida de cada um deles é algo essencial nesse processo”, comentou.

Altemio Spinelli tratou de sua empresa de palmilhas personalizadas, indicando que elas são personalizadas, projetadas para cada paciente e realizadas de maneira artesanal. “Desenvolvemos a nossa tecnologia de modo a atender as mais diversas necessidades dos atletas e com matérias-primas de alta qualidade”, disse.

Daniel Dias (à dir. na foto), nadador paralímpico brasileiro e recordista mundial, maior medalhista homem da natação em Paralimpíadas, com 24 medalhas no total, contou um pouso de sua trajetória, enfatizando a importância das escolhas de vida e de uma atitude de sorriso permanente com a vida. “Minha experiência de vida está conectada aos diversos médicos que cuidaram de mim e me orientaram”, declarou.

Arthur Zanetti (à esq. na foto), campeão olímpico e mundial na modalidade de argolas, que foi, nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, o primeiro brasileiro e latino-americano a conquistar uma medalha olímpica de ouro na ginástica olímpica, destacou a importância das equipes multidisciplinares em sua formação. “Uma equipe que envolve treinador, psicólogo, médico, fisioterapeuta, entre outros profissionais, são fundamentais para que consigamos o êxito no esporte de alo rendimento”, disse.

Duas mesas-redondas foram realizadas. “Lesões no Esporte” contou com a participação dos médicos Joaquim Grava, Alexandre Paiva. Benno Ejnisman e Sergio Rocha; e “Transexuais no esporte” teve a participação de Elaine Frade Costa, Hésoly Silva e Paulo Zogaib.

O evento prosseguiu dia 26/5/2019. O Dr. Gustavo Consenza tratou de “Anabolizantes”. “É necessário discutir mais esse tema, especialmente presente no uso de testosterona por atletas do halterofilismo e fisioculturismo. Entre suas consequências estão a redução da libido sexual e acne, mas não há comprovações de ligações com câncer”, afirmou.

A Dra. Tatiana Camargo enfocou “Diabetes Mellitus no esporte de alto rendimento”. “O esporte, de modo geral,  auxilia no controle de peso, melhora a a auto-estima e a sociabilização. Atletas de alto rendimento precisam ser acompanhados de perto e ser muito disciplinados. Isso lhes permite atingir excelentes performances”, comentou.

A Dra. Taline Costa apontou que a a indústria dos suplementos alimentares é muito lucrativa, mas poucos dos seus produtos têm evidências robustas de eficácia. “Podemos afirmar que carboidratos e cafeína auxiliam na performance, assim como a creatina. Entre os nitratos, o suco de beterraba traz resultados comprovados. , assim como chá de gengibre, mel, alho e limão para combater a gripe. O bicarbonato é muito bom, mas poucos conseguem utilizá-lo sem sofrer vômitos e diarreias”, disse. “O mais importante, porém, boa alimentação, sono e hidratação.”

O Dr. Nabil Ghorayeb falou sobre “Cardiologia no Esporte”, enfocando a morte súbita de atletas abaixo de 35 anos. “Não é fatalidade, mas um paradoxo. A atividade física não é a causa, mas sim o excesso dela, o abuso ou as doenças pré-existentes. Infelizmente faltam dados oficiais no Brasil sobre o tema. No mundo, segundo a FIFA, houve 84 mortes de jogadores de futebol entre 2007 e 2012. O que sabemos é que exercício demais, por exemplo, diminui a imunidade e aumenta a incidência de viroses”, comentou.

A Dra. Vanessa Resende tratou de “Fratura por estresse”. “Os primeiros registros são de 1850 entre recrutas pelo movimento repetitivo e intenso da marcha militar. Sabemos hoje que ela atinge 10% das lesões esportivas, principalmente entre corredores e saltadores (69%). Aumenta com a idade e é mais comum entre mulheres, por terem a pelve mais larga e menor estatura. O ciclo menstrual irregular e menores taxas de ferro e cálcio também favorecem a ocorrência dessa lesão”, explicou.

O Dr. Bruno Perez desenvolveu o tema “Manjeo da dor em atletas e Recovery Esportivo”. Enfatizou que a alimentação é essencial no desempenho e recuperação. “Destacam-se os carboidratos, essenciais para a liberação de insulina, a serem ineridos imediatamente ou até 3 horas após o término da atividade, assim como os aminoácidos e proteínas, que mantêm elevados os níveis plasmáticos. Os lipídeos são importantes por serem responsáveis pelas reservas energéticas das células; e a hidratação deve ocorrer na proporção de 150% do que foi consumido pelo organismo”, avaliou. “Dormir, bem, comer bem e se hidratar bem são as regras essenciais. Massagens, técnicas compressivas, liberação miofascial , crioimersão e hidroterapia não prejudica, mas não tem dados comprovados de melhoria no processo, enquanto há trabalhos que não recomendam o alongamento após a atividade física.”

Antes do encerramento do evento, ocorre um Desafio Interligas entre grupos representado 11 ligas. com dez perguntas a ára de Medicina Esportiva. As três primeiras colocadas foram formadas por representantes dos cursos de Medicina da FCM/Santa Casa, Anhembi-Morumbi e Uninove.

Acesse fotos do evento.