18/11/2019

Sub-registros de comportamento suicida são empecilhos a iniciativas de prevenção Artigo sobre o tema é publicado na revista Arquivos Médicos da FCM/Santa Casa

Infelizmente, no Brasil, os sub-registros de suicídio compõem empecilho adicional às iniciativas de prevenção primária e secundária. Mesmo assim, enquanto as dimensões adversas relacionadas a essa ação não forem apequenadas, faz-se pertinente a constante rememoração do tema e de sua magnitude.

Essa é a conclusão de artigo publicado na revista Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Os pesquisadores apontam que o comportamento suicida não abrange apenas o desfecho letal, mas incluem um conjunto de eventos, com tendência teórica a escalonamento, denominado espectro suicida. Portanto, pode-se considerar a tentativa como parte da mesma afecção que o suicídio consumado.

A literatura da área mostra que o suicídio está entre as principais etiologias de óbito entre adolescentes e adultos jovens, mas também acomete consideravelmente a população geriátrica. Além disso, o Brasil figura no topo do ranking de números absolutos de ocorrências, com indícios de inclinação a aumento.

O artigo realiza revisão da literatura acerca do tema, utilizando a base de dados “PUBMED” e considerando artigos brasileiros e internacionais da última década. O cerne bibliográfico foi estruturado a partir de pesquisa via palavras-chave, com subsequente seleção da amostra obtida e ampliação, considerando referências utilizadas nos artigos -base. O substrato final reuniu 47 artigos, abordando as características da enfermidade e dos impactados por ela, bem como estratégias populacionais de controle.

Múltiplos fatores de risco podem, e geralmente têm, envolvimento simultâneo, mas o maior relevo pertence a tentativas de suicídio prévias e transtornos psiquiátricos. Determinadas características do indivíduo também contribuem na elaboração de perfil de risco. Já o método adotado pode tanto sofrer influência de determinado grupo epidemiológico quanto influenciar o curso de evolução mórbida.

Classicamente, as tentativas contam com supremacia feminina, em oposição ao desfecho letal, fenômeno dominado por homens idosos. Ambos, empreendidos, amiúde, no próprio domicílio do paciente. Diferentes metodologias de predição do transtorno já foram empregadas, não se obtendo resultados plenamente satisfatórios, contudo. Até um quarto dos pacientes não exterioriza a intenção suicida ao seu médico, reforçando a relevância de estratégias preventivas e de rastreio.

Intitulado “Comportamento suicida: uma revisão narrativa da literatura”, de Alexandre Daher Gonçalves Monteiro dos Reis, Gustavo Yamin Fernandes, Fernando Augusto Nakazato Hokama, Felipe Zocatelli Yamamoto, Guilherme Cavazzani Vaccarezza, Gustavo Correa Macedo, Naiade de Souza Mello, Raul dos Reis Ururahy, Fernanda Romano e Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri, o artigo pode ser acessado em https://doi.org/10.26432/1809-3019.2019.64.2.136