4/2/2020

Um ano do rompimento da Barragem da Mina de Córrego do Feijão em Brumadinho, MG FCM/Santa Casa oferece curso de pós-graduação lato sensu Medicina do Trabalho

Em 25 de janeiro deste ano, Minas Gerais e o Brasil lembram com tristeza um ano do acidente de trabalho ocasionado pelo rompimento da Barragem I da Mina de Córrego do Feijão de propriedade da Vale S.A. em Brumadinho, Minas Gerais. A Barragem I tinha 87 metros de altura, 720 metros de extensão e armazenava cerca de 12 milhões de m³ de rejeitos tendo passado por dez etapas de alteamento a montante desde a sua construção em 1976. Lembramos que o método de alteamento a montante é considerado o mais vulnerável à ocorrência de acidentes devido às forças da percolação da água, com maior susceptibilidade à instalação de processos erosivos internos de piping e liquefação, sendo o maior responsável por acidentes com barragens de mineração já registrados.[1]

Com o rompimento da Barragem I cerca de 65% dos rejeitos armazenados foram liberados, atingindo as instalações da empresa existentes cerca de um quilômetro a jusante, soterrando completamente os escritórios administrativos, refeitório, vestiário, almoxarifado, o setor de carregamento ferroviário e parte das instalações de tratamento de minério, ocasionando 259 mortes confirmadas e 11 desaparecidos (somente a empresa Vale S.A perdeu 130 trabalhadores). Em seu caminho, a lama de rejeitos destruiu parte do distrito de Córrego do Feijão, uma pousada (matando todos os seus ocupantes e proprietários), um viaduto de linha férrea e várias propriedades rurais. A lama chegou ao Rio Paraopeba numa extensão de mais de 100 quilômetros, impactando o fornecimento de água para comunidades indígena e quilombola, para as cidades de Belo Horizonte, Brumadinho e Pará de Minas que tiveram a captação de água do rio interrompida. Também foram atingidas várias propriedades rurais nas margens do Córrego do Feijão e do Rio Paraopeba.  As alterações na turbidez e nos níveis de metais na água ainda estão presentes ao longo do rio e tem sido motivo de preocupação constante das autoridades sanitárias. Também tem sido motivo de preocupação a saúde dos militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e de outros estados que atuaram e ainda atuam no resgate dos corpos. A economia da região foi duramente impactada e o município de Brumadinho perdeu cerca de 60% de sua renda, além de ter suas atividades de comércio e turismo seriamente afetadas. Seus impactos sócio-econômicos-ambientais para toda região ainda estão sendo mensurados. Por sua vez as atividades de mineração em Minas Gerais foram seriamente afetadas, tendo sido paralisadas várias minas e barragens com grande repercussão sobre a economia do estado. Calcula-se que o acidente foi responsável pela redução de 0,1 no PIB nacional em 2019.

Leia texto completo publicado originalmente em Boletim da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT).em https://apmtsp.org.br/um-ano-do-rompimento-da-barragem-da-mina-de-corrego-do-feijao-em-brumadinho-minas-gerais/


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