15/04/2019
A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo realizou nesta segunda-feira, 15, uma roda de conversa entre alunos, professoras e profissionais de fonoaudiologia, canto e artes cênicas. A reunião discutiu os cuidados e desafios para manter a saúde da voz pela perspectiva de sete pessoas que unem o estudo ou exercício da fonoaudiologia ao canto ou interpretação.
Organizada pelo Curso de Graduação em Fonoaudiologia, a ação representou o início das atividades da Faculdade na Semana Nacional da Voz. Até quinta-feira, dia 18, estudantes, professores, pacientes e funcionários receberão orientações sobre saúde vocal. A programação, criada em conjunto com o Departamento de Otorrinolaringologia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), marca o Dia Mundial da Voz, celebrado em 16 de abril.
O encontro foi coordenado pelas professoras Marina Padovani e Marta Andrada e Silva, que conduziram o debate com perguntas sobre vida profissional, cuidados cotidianos com a voz e os motivos que levaram à escolha da fonoaudiologia como atividade concomitante à carreira artística. Ao responder, os convidados trocaram experiências entre si e com os demais estudantes. Também participaram da roda de conversa as professoras Miriam Carvalho de Moraes Lavado e Marcia dos Santos Souza.
Saúde física e da voz
A sobrecarga de trabalho foi citada como um dos fatores que podem atrapalhar o desempenho vocal e provocar a queda da imunidade. Como solução, os profissionais apontaram a busca pela qualidade de vida e cuidados físicos. Natália Quadros, formada em artes cênicas e aluna do Curso de Fonoaudiologia da FCM/Santa Casa, concilia os estudos com as carreiras de atriz e professora de teatro para crianças. “Para ter boa resistência, pratico natação, que me auxilia no treino respiratório. Além disso, procuro me alimentar e hidratar bem”, contou, ressaltando que abandonou o cigarro.
Ellen Fonseca Gonçalves, cantora, educadora musical e estudante de Fonoaudiologia, precisou diminuir o ritmo para manter a saúde. “Ao trabalharmos bem, a demanda aumenta. E há um esforço maior quando ensinamos o aluno iniciante, pois temos de demonstrar não somente a técnica correta, mas também os procedimentos errados para que ele possa compreender”, ressaltou. Fernando de Araújo Nunes, aluno da Fonoaudiologia e professor de canto, destacou a importância de dormir bem. “Para evitar faltas no trabalho, devemos nos cuidar para não ficarmos doentes, roucos, sem voz”.
Fonoaudiologia, canto e artes cênicas
Os convidados concordaram que a atuação em música e artes cênicas influenciou sua escolha pela fonoaudiologia, tanto para aprimoramento profissional quanto para segurança financeira. “Nas aulas de canto, sempre mantive parcerias com fonoaudiólogos, o que me colocou em contato com este trabalho. Em Londres, conheci uma fonoaudióloga que desenvolveu uma metodologia de canto com olhar científico. Esse foi um dos fatores que me levou a fazer o curso”, explicou Sara Sarres, atriz e preparadora vocal, especialista em teatro musical. “A fonoaudiologia será uma opção se, com o tempo, o palco não for mais uma fonte de rendimento”, completou.
A pianista, regente e preparadora vocal Lívia Cubayachi está fazendo pós-graduação em Fonoaudiologia na FCM/Santa Casa de São Paulo. “Eu gostava das aulas de canto com abordagem fonoaudiológica e decidi abraçar a oportunidade de desenvolver mais uma competência. Viver somente como artista é muito restrito financeiramente.”
A professora de canto Anne Daldovino admite que seu trabalho influenciou completamente a escolha pela fonoaudiologia. “Decidi estudar porque considero um desafio os alunos que aparecem roucos na aula”, disse, lembrando que também pensou na questão financeira. A atriz Luiza Vitória Spreafico ressaltou que, além da possibilidade de melhor remuneração, a fonoaudiologia valoriza o trabalho de ensino de técnicas vocais.
A experiência da roda de conversa foi considerada muito enriquecedora pelos participantes, que sugeriram um novo encontro.
Vanessa Krunfli Haddad