15/07/2022

Anvisa autoriza o uso da CoronaVac para crianças de três a cinco anos; um dos especialistas ouvidos na audiência, professor da Faculdade defendeu medida O professor Dr. Marco Aurélio Sáfadi foi um dos convidados pela agência regulatória para discutir o tema

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta quarta-feira (13/jul), por unanimidade, a ampliação da aplicação da vacina CoronaVac para crianças de três a cinco anos no Brasil. Ao contrário do produto já oferecido pela Pfizer, a vacina e tempo entre as doses será a mesma entre adultos e crianças.

Aprovado em Audiência Pública após considerações de especialistas e análise de dados e resultados de pesquisas apresentadas pelo Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, a extensão do uso da vacina neste grupo etário traz benefícios a esta população, diminuindo o risco de hospitalização e outros desfechos graves associados à Covid-19.

O professor Dr. Marco Aurélio Sáfadi, coordenador do Departamento de Pediatria e Puericultura do Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), foi um dos especialistas convidados pela Anvisa para discutir o tema. “O Brasil tem demonstrado que a doença está longe de ser negligenciável do ponto de vista de impacto no grupo etário pediátrico. De fato, a doença é muito menos grave nas crianças que nos adultos, mas isso não significa que ela não traga riscos de hospitalização e de morte”, diz.

“Esse risco é comparável ou até mesmo maior do que o de diversas outras doenças infecciosas que, hoje, são alvo de diversos programas de prevenção com vacinas aqui no Brasil. Até o momento no país já registramos, abaixo de 5 anos, mais de 12 mil hospitalizações e 952 mortes atribuídas à Covid-19, além de uma maior proporção dos casos de síndrome inflamatória em crianças de um a cinco anos de idade”, pontua Sáfadi, preocupado.

Além do Brasil, os estudos da vacina também foram aplicados no Chile e na China e as respostas foram positivas e semelhantes entre os três países. Sáfadi exemplificou três performances importantes de serem avaliadas: segurança, imunogenicidade e a efetividade da vacina. “Do ponto de vista de segurança, não foram identificados nenhum efeito adverso novo, que não tivesse sido previamente demonstrado em outros grupos etários”, diz.

Conforme apresentado em pesquisa, a CoronaVac gerou de gerou de três a quatro vezes mais anticorpos neutralizantes no grupo de 3 a 5 anos em relação aos adultos, em especial em participantes que não contraíram a Covid-19 antes de receber a vacina. Assim, o professor reforçou que, em relação à resposta imune, não há dados inferiores entre os grupos etários.

Já em relação aos dados de efetividade, o doutor comenta que foi avaliado uma efetividade entre 60% e 69% para prevenção de hospitalização e internação em UTIs após aplicação das duas doses. Além disso, Sáfadi relembrou que a pesquisa acompanhou os participantes meses depois de aplicada a segunda dose e durante o aumento de casos causados pela variante Ômicron. “Foi identificado uma proteção contra hospitalização da ordem de 55%, ou seja, ela reduziria em aproximadamente metade o risco das crianças serem hospitalizadas pela covid-19”, explica.

Apesar de positivos, os dados ainda são iniciais. Marco Aurélio aponta que ainda há lacunas em relação à resposta imune e a persistência de proteção, em especial em relação às novas variantes. Além de se pronunciar a favor da autorização da vacina para o grupo etário, o pesquisador também enfatiza que é necessário realizar novas pesquisas e que o Butantã necessita continuar encaminhando os dados atualizados para a Anvisa.

Veja a audiência completa.