14/04/2022
O professor Dr. Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, diretor do Departamento de Pediatria e Puericultura do Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), foi homenageado pelo Governo do Estado de São Paulo por meio da concessão da medalha ‘MMDC Caetano de Campos’, principal honraria oferecida pelo governo paulista na área da Educação. O prêmio foi entregue no dia 28 de março no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, pelo secretário estadual da Educação Rossieli Soares da Silva.
O reconhecimento a Sáfadi foi motivado por sua participação na Comissão Médica da Educação de SP, formada por especialistas das áreas de pediatria, infectologia e epidemiologia. Instalado no início de 2021, por iniciativa do então governador João Doria, o grupo prestava consultoria nas decisões sobre as condições de funcionamento das instituições de ensino e da volta às aulas presenciais em todo o estado visando o cumprimento das normas sanitárias. Desde então, a comissão de experts prestava semanalmente aconselhamento ao secretário de Educação, oferecendo suporte técnico e científico.
Para o médico, esse foi um dos momentos mais marcantes no trabalho. “Creio que a indicação pelo retorno de forma segura às aulas foi a grande contribuição da Comissão Médica, porque havia a percepção de muitos que seria algo catastrófico, que haveria um risco muito grande”, lembra. “Procuramos, à época, enfatizar o enorme prejuízo que o fechamento prolongado das escolas trazia às crianças. Prejuízos cognitivos, de saúde mental, de aprendizagem, aumento do risco de evasão escolar, vulnerabilidade à violência, entre outros.”
Na foto, o secretário da educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares da Silva; o homenageado, professor Dr. Marco Aurélio Sáfadi; e a secretária-executiva da Educação, Renilda Lima (Divulgação/Arquivo pessoal)
Para Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, a avaliação do grupo de que com o estabelecimento de medidas protocolares de segurança o retorno às escolas não representaria um impacto na transmissão do vírus na comunidade foi correta, tendo sido elaborada com princípios baseados na experiência de outros países. “As propostas foram encampadas, e acho que o secretário (Rossieli) foi uma das lideranças do país que tomou frente no debate público defendendo o retorno seguro das crianças às escolas, primeiro de forma limitada, com salas com menor número de crianças, e em alguns dias apenas, num esquema híbrido, e que foi se mostrando seguro e passou a ser aperfeiçoado”, destaca. “Isso restabeleceu o direito das crianças ao ensino. Se não existisse esse movimento, estaríamos condenando as crianças a um período ainda maior longe da escola.”
Na primeira quinzena de março, São Paulo foi o primeiro estado do Brasil a atingir a meta da OMS (Organização Mundial da Saúde) de vacinados contra a covid-19 entre a população elegível, ao atingir 90% de cobertura vacinal. O estado também alcançou em Abril o índice de 80% de crianças vacinadas com a primeira dose da vacina, entre o público de 5 a 11 anos. “SP atingiu um índice de vacinação entre crianças invejável, o que mostra que a população compreendeu a importância da vacina como instrumento de prevenção para a saúde pública, que evita hospitalizações e uma série de complicações da COVID-19, principalmente no que se refere às suas formas graves”, disse.
No dia 4/jan, em Brasília, representando a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Aurélio Sáfadi participou de audiência pública que discutiu a vacinação contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Na oportunidade, o Ministério da Saúde convidou 20 entidades e profissionais ligados ao tema para participar da discussão, mesmo após a Anvisa ter autorizado a imunização desse público. “Os estudos que ampararam a autorização de uso dessa vacina. A vacina propiciou uma resposta imune que foi não inferior àquela verificada em adultos: prevenir hospitalizações e prevenir mortes. Claro que elas reduzem também a transmissão, claro que elas reduzem o risco de infecção, mas evidentemente em patamares diferentes. Há dados de eficácia dessa vacina, mostrando que, entre os que foram vacinados, o risco de contrair covid-19 em qualquer uma de suas apresentações, um dos desfechos mais desafiadores de prevenção foi de 90%”, disse ele na ocasião.
Para o professor da FCMSCSP, a população tem uma recepção muito positiva quando é impactada por informações de qualidade. Nesse sentido, os diversos profissionais da área da saúde, entre eles os infectologistas, tiveram um papel de esclarecimento muito importante. “Somente o acesso à informação de qualidade pode combater as fake news. É o que temos procurado fazer desde o início da pandemia: passar informação baseada em evidências, em ciência, e que contribui para a população na melhoria da saúde pública de forma geral”, disse. “Nesse contexto, as vacinas desempenharam um papel muito importante no que diz respeito a mitigar os efeitos nocivos da pandemia.”
Na oportunidade ainda foram homenageados com a concessão da medalha ‘MMDC Caetano de Campos’ por seu papel na gestão da crise sanitária Eduardo Ribeiro Adriano, secretário-executivo da Saúde; Regiane Cardoso de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização e Tatiana Lang D’Agostini, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica e a equipe de Comissão Médica, além de Flávio Benvenuto, Luciana Becker Mau Helman, José Osmar Medina de Abreu Pestana, Helena Sato e Paulo Menezes e Santiago Falcão.
Formalmente, a comissão continua constituída. Contudo, no atual cenário epidemiológico, as reuniões semanais já não ocorrem mais. “Teoricamente, está tudo funcionando, embora a pandemia possa nos reservar surpresas. Temos que nos manter atentos às novidades neste cenário e a eventual necessidade de revisão das medidas sanitárias hoje vigentes”, projeta.
Marco Aurélio Palazzi Sáfadi é graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (1985), residência médica em Pediatria pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1989), aperfeiçoamento em Infectologia Pediátrica, Mestrado em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo pela Escola Paulista de Medicina (1997) e Doutorado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo em 2011. Possui títulos de especialista em Pediatria e Infectologia Pediátrica conferidos pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Atualmente, é o Diretor do Departamento de Pediatria e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordenador do Serviço de Infectologia Pediátrica do Hospital Infantil Sabará; Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Membro do Comitê Estadual de Referência em Doenças Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Membro da Comissão Permanente em Imunizações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Membro do Comitê Técnico Assessor em Imunizações do Ministério da Saúde do Brasil e Membro do Comitê Científico da Sociedade Mundial de Infectologia Pediátrica (WSPID). Prof Sáfadi é também Membro especialista do Grupo de Trabalho da SAGE sobre Vacinas Meningocócicas e Vacinação da OMS e representante brasileiro do Programa de Nacional de Imunizações no Grupo SAGE da OMS.