17/1/2020

Cuidados e sintomas vocais de pastores evangélicos Pesquisa é apresentada na FCM/Santa Casa

Pastores evangélicos se hidratam e usam microfone como hábito de saúde vocal, mas não dominam treinamentos para preparação vocal nem uso adequado de ferramentas que possam reduzir o abuso vocal, ou ainda procuram especialista para orientação ou acompanhamento. Apesar de considerarem a voz e respiração adequadas, falam forte durante o culto e apresentam alteração na qualidade vocal imediatamente após.

Essa é uma das conclusões da pesquisa de EDSON MENDES “Pastores evangélicos: autoavaliação, cuidados e sintomas vocais”, dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Saúde da Comunicação Humana, Área de Concentração: Saúde da Comunicação Humana, sob orientação da Profa. Dra. Marina Padovani.

A pesquisa também concluiu que pastores titulares apresentam risco vocal para disfonia, com queixa principal de falha na voz, garganta seca, pigarro e rouquidão. Ser do sexo feminino, falar rápido no culto, sentir a voz falhar ou mudar a qualidade após o culto foram fatores que se correlacionaram ao maior risco dos pastores apresentarem risco para disfonia.

A partir dos dados que caracterizaram essa amostra, também foi possível elaborar um guia de orientação vocal demanda-específico, para pastores evangélicos, a partir da análise dos hábitos e sintomas vocais.

O trabalho aponta que algumas igrejas evangélicas têm apresentado crescimento expoente no Brasil nas duas últimas décadas, com uma população de 42,3 milhões de evangélicos no Brasil, sendo a Igreja do Evangelho Quadrangular como uma das cinco que mais crescem no Brasil.

Em cultos e eventos ocorridos no meio evangélico, o aumento na intensidade da voz é um recurso frequente entre pastores e cantores, com uso excessivo e inadequado da voz nessa população descritos com provável relação com a falta de orientações sobre bem-estar vocal ou por falta de técnica vocal específica.

Diante disso, o objetivo da pesquisa foi investigar hábitos, sintomas vocais e a autoavaliação da respiração, voz e fala em pastores de igrejas evangélicas com e sem risco para alteração vocal e, a partir dos resultados encontrados, elaborar um guia de orientação vocal demanda-específico, para pastores evangélicos.

Participaram da pesquisa 58 pastores evangélicos integrantes de uma Igreja evangélica da cidade de São Paulo, sendo 41 homens e 17 mulheres, com média de idade de 49 anos e tempo de atuação na atividade de mais de 10 anos, para 65% da amostra.

Os pastores consideraram suas vozes normais (44,8%), tomavam no mínimo 2 ou mais de 5 copos de água (86,2%), mas não preparavam suas vozes (81%) e nem fizeram avaliação otorrino laringológica (63,8%). NO ITDV, 32,8% apresentou risco para distúrbio vocal, com 75,9% referindo falha na voz, 56,9% pigarro, 55,4% garganta seca e 50% rouquidão. Dos sujeitos com risco, 52,9% do sexo feminino mostrou-se vulnerável, 64,3% referiram rouquidão pós culto e 43,8% falavam rápido durante.

A pesquisa está disponível gratuitamente na íntegra em: http://fcmsantacasasp.edu.br/wp-content/uploads/2017/07/2019-Edson-Mendes.pdf