20/04/2022
A esquizofrenia é o distúrbio da mente que afeta 24 milhões de pessoas ao redor do mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Um de seus sinais é uma sensação de que algo está errado ou que alguém prejudica a vida de quem sofre com a doença, acarretando em delírios e alucinações, impactando as esferas pessoais, familiares, sociais, educacionais e ocupacionais da vida do paciente. É uma doença complexa, que enfrenta dificuldades no seu diagnóstico. No entanto, a ciência acaba de dar um grande passo para mitigar essa deficiência.
Em 8 de abril de 2022, um grupo de cientistas que atuam em 45 países publicou um estudo na Revista Nature — uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo — afirmando que existem pelo menos 120 genes capazes de contribuir para o desenvolvimento da doença.
Professor do Curso de Medicina da FCMSCSP, Quirino Cordeiro é graduado em Medicina, tendo residência médica e doutorado em Psiquiatria, todos pela Faculdade de Medicina da USP. “As pesquisas genéticas moleculares são de grande importância para o melhor entendimento da patofisiologia da esquizofrenia”, destacou. “Com isso, a descoberta de genes envolvidos como fatores de risco para o desenvolvimento da doença ajudará tanto em ações de prevenção, como também no tratamento dos pacientes.”
Para que os cientistas chegassem às descobertas foram analisados os DNAs de 76.755 pacientes com esquizofrenia e outras 243.649 pessoas que não sofriam da doença, para entender melhor os genes e os processos biológicos que sustentam a condição. As descobertas podem ser úteis para a prática médica no futuro, uma vez que, no momento, não existem exames médicos para apoiar diagnósticos de doenças psiquiátricas. A pesquisa não só aumentou o número das associações genéticas, como conseguiu relacionar muitas delas a genes específicos para entender as causas da doença e identificar novos tratamentos.
Realizada pelo Consórcio de Genômica Psiquiátrica (do inglês Psychiatric Genomics Consortium, o PGC) e liderada pelos cientistas Michael O’Donovan e James Walters da Universidade de Cardiff, sediada no país de Gales, além do professor Dr. Quirino Cordeiro, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, participaram do estudo os pesquisadores brasileiros Sintia Belangero, Ary Gadelha, Rodrigo Bressan, Cristiano Noto, Marcos Santoro e Vanessa Ota da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).