29/08/2022

Professora da Faculdade da Santa Casa de SP recebe título de “Professora Emérita” da Sociedade Brasileira de Patologia A professora Dra. Carmen Lucia Penteado Lancellotti foi homenageada durante o 33° Congresso Brasileiro de Patologia em reconhecimento a relevância de sua contribuição para a área no Brasil

Professora da Faculdade da Santa Casa de SP recebe título de “Professora Emérita” da Sociedade Brasileira de Patologia

A Dra. Carmen Lucia Penteado Lancellotti, professora titular do Departamento de Patologia do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) recebeu recentemente o título de “Professora Emérita” concedido pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). A entrega do prêmio ocorreu durante o 33° Congresso Brasileiro de Patologia e o 26° Congresso Brasileiro de Citopatologia, que foram realizados entre os dias 03 a 06 de agosto em Foz do Iguaçu, no Paraná. O evento de Patologia, que é um dos mais relevantes da área nacionalmente, é organizado pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

Carmen, que é especialista em Neuropatologia, é graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, tendo se formado na V Turma de Medicina, em 1972. Possui mestrado e doutorado em Patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Além de uma trajetória exitosa e reconhecida nacionalmente, a professora tem participação ativa em entidades profissionais. Na SBP, durante 20 anos, integrou a comissão encarregada por oferecer cursos de qualificação profissional aos patologistas. Em duas gestões presidiu a Associação dos Patologistas do Estado de São Paulo (APESP). Na oportunidade, foram realizadas atividades de ensino mensais em cidades do interior do estado que reuniam centenas de patologistas para aulas e discussão de casos. Mais recentemente, a SBP vem organizando um tratado de patologia que será disponibilizado aos estudantes de Medicina do país, sendo que o capítulo referente à Neuropatologia está sob a coordenação de Carmen. “Tenho imensa satisfação em contribuir para o ensino na minha especialidade, tanto na graduação, quanto na pós-graduação”, disse.

A relação da professora com instituições da área, como a SBP e a APESP, agrega elementos práticos na sua atuação como docente. No segundo semestre do ano passado, ela trabalhou na criação de uma disciplina nova para a Faculdade, chamada “Corte de cérebro”. A disciplina não faz parte do currículo regular, mas contribui para a Neurologia, que é um tema multidisciplinar. “Realizamos reuniões abertas com a participação de alunos de todos os anos do curso de Medicina e as coordenações de quatro residências”, conta. “Os alunos estão encantados. Como professora, o que eu posso fazer é estimular o conhecimento para os alunos que querem estudar e se aprimorar para serem bons médicos. O melhor que a gente pode oferecer é dar o exemplo de quem você é como profissional, e é isso que eu estou procurando fazer. Também quero dar o retorno para a Instituição do conhecimento que eu obtive na linha prática. Acho que temos, como professor, fazer essa volta, você doar o seu conhecimento além da docência.”

Prêmio é um reconhecimento à qualidade dos docentes da área de Patologia da FCMSCSP

Reconhecimento: entrega do prêmio oferecido pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) ocorreu durante o 33° Congresso Brasileiro de Patologia e o 26° Congresso Brasileiro de Citopatologia, que foram realizados em agosto . O evento de Patologia, que é um dos mais relevantes da área nacionalmente, é o

Reconhecimento: entrega do prêmio, oferecido pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), ocorreu durante o 33° Congresso Brasileiro de Patologia e o 26° Congresso Brasileiro de Citopatologia, que foram realizados em agosto

Para a professora Dra. Fabíola Del Carlo Bernardi, coordenadora do Departamento de Ciências Patológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Carmen é uma profissional muito presente e com grande destaque na Patologia brasileira. “Ela sempre teve uma participação muito forte na Patologia, principalmente em Neuropatologia. Esse reconhecimento da SBP aos patologistas e professores tem grande significado por destacar pesquisadores que oferecem contribuições relevantes”, disse.

Fabíola considera que o prêmio recebido por Carmen é, também, um reconhecimento a todos os professores da FCMSCSP. “Nossos docentes são muito ativos e reconhecidos por todos da área da Patologia”, disse. “Quando você fala ‘estou tendo aula com a Carmen Lancellotti’, significa que você está tendo formação com uma profissional que é especialista destacada em Neuropatologia. A área de patologia, especialmente na Faculdade da Santa Casa de SP, tem professores muito capacitados que são especialistas em cada assunto.”

Veja trechos da entrevista com a professora Dra. Carmen Lucia Penteado Lancellotti para o portal da FCMSCSP:

Por que a senhora decidiu estudar temas como doenças infecciosas, epilepsia, etc, que são tão atuais e relevantes na medicina?
Primeiro, porque eu sou apaixonada pelo cérebro, isso desde o meu primeiro ano de faculdade. Tive a felicidade de conhecer o professor Maffei (Walter Edgard Maffei). Ele fundou a Patologia da Santa Casa, vindo da USP. Resolvi fazer Neuropatologia por meio da influência dele. Contudo, não é possível fazer uma especialidade sem ter o conhecimento geral, então resolvi fazer Patologia, e me apaixonei pela área. Paralelamente, depois de formada, quando estava no fim da residência, surgiu a oportunidade de um concurso no Hospital Emílio Ribas, no qual fui aprovada. Então, tenho também uma formação em Infectologia. Esses temas estão dentro da neuropatologia: os tumores, as neuroinfecções, as neurodegenerações.

Como a sua formação e atividade docente se relacionam com a humanização da assistência e a responsabilidade social?
Quando você entra na faculdade, você fica deslumbrado. Pelo menos foi assim que aconteceu comigo. Você foca em aprender e entender sobre as doenças. Depois, com mais maturidade, você tem contato com os pacientes e passa a avaliar como pode contribuir não somente do ponto de vista científico.

Tem um caso muito interessante que aconteceu comigo: estava formada há uns dez anos, e um paciente que tinha tido um tumor cerebral me procurou. Num primeiro momento eu fiquei surpresa, porque, normalmente, o Patologista não tem contato direto com o paciente. Cheguei a supor que havia ocorrido algum erro de diagnóstico, mas o que ele queria mesmo era me agradecer. Imagina, eu tinha feito o diagnóstico há muitos anos, e ele queria agradecer e dizer que estava bem, e que, graças ao meu relatório, ele pôde fazer o tratamento adequado. Fiquei emocionada com aquela atitude, de estar contribuindo para ele como pessoa.

Com a experiência que adquiri, vejo que a Medicina não existe sem o paciente. Ela até pode ser fascinante do ponto de vista de você aprender o conhecimento, mas a finalidade é trazer um benefício ao paciente. Por isso resolvi investir nisso, na relação do paciente e na humanização do médico, porque a humanização na saúde já está bem divulgada, mas, nós, médicos, durante nossa capacitação, não temos um curso sobre isso. Então, quando você fica frente a frente com o paciente, com ele olhando para você achando que você sabe tudo e que você vai resolver todos os problemas, muitas vezes você ainda está aprendendo, inclusive a como se relacionar com ele.

Na formação médica temos que buscar a competência, a qualidade. Mas, ao mesmo tempo, tem que ter essa humanização na assistência, que é focar cada vez mais na humanização do atendimento médico para minorar esses sofrimentos, saber como conversar com o paciente, sempre trazendo uma esperança. Mesmo que se tenha indicativos de que determinado caso não terá um bom desfecho, o médico não pode tirar a esperança do paciente, e isso, para mim, é um grande aprendizado. Dediquei minha carreira a isso: já orientei vários trabalhos de pós-graduação stricto sensu com foco na qualidade de vida do paciente e de sua família, e também no bem-estar do próprio médico. Nesse sentido é que se insere a espiritualidade, que não é necessariamente religião, mas temos que ter um suporte espiritual, porque a vida é difícil e precisamos ter estrutura emocional para enfrentar os desafios que nos são apresentados.

Qual a influência do atendimento humanizado e da espiritualidade no tratamento do paciente?
É difícil você medir isso do ponto de vista científico, quantitativo, como se fosse uma matéria exata. A medicina não é assim. Contudo, acho que agregar esses elementos ao tratamento pode ter uma grande diferença qualitativa em termos de resultado, e esse formato já é uma premissa para mim. Veja, o paciente vai a determinado médico que tem uma alta qualidade científica, e o profissional consegue transmitir ao paciente uma confiança, um apoio espiritual e humano. Isto fará com que o paciente trabalhe junto com o profissional em busca da cura. Deste modo, é completamente diferente a vibração. Quando me deparo com um caso complicado, fico torcendo para enxergar no microscópio algo que, pelo menos, tenha tratamento. Contudo, muitas vezes a situação é difícil e o paciente quer falar comigo. Faço questão de dar esse apoio emocional, de conversar, explicar. Em muitos casos esse paciente já fez uma pesquisa no Google, já se informou sobre aquele tumor, viu coisas assustadoras etc, mas o fato de eu conversar com ele, de deixar claro que quero acompanhá-lo já o deixa mais confortável. Acho que a gente como médico tem que dar esse suporte, é uma doação para ele por meio de um suporte espiritual e humano.