08/12/2022
A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) teve dois trabalhos premiados no 60º Congresso Brasileiro de Educação Médica (Cobem), que aconteceu no início de novembro, em Foz do Iguaçu–PR. O evento é realizado anualmente pela Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), sendo considerado o maior da área no país.
As professoras dras. Michele Lacerda Pereira Ferrer (E) e Maria José Carvalho Sant’Anna, respectivamente coordenadora pedagógica e chefe do Departamento de Atenção Primária, destacam a relevância dos prêmios recebidos pela FCMSCSP no 60º Cobem
Nesta edição, foram inscritos 1.530 trabalhos em cinco núcleos temáticos. Destes, foram selecionados três apresentações orais, 23 pôsteres comentados e 25 pôsteres simples. A Faculdade teve sete trabalhos inscritos (veja lista ao final do texto), sendo que o trabalho ‘Caminhos de inovação do internato médico em Atenção Primária à Saúde: uma construção compartilhada entre diferentes atores’, inscrito na categoria ‘Inovação educacional e uso de tecnologias’, foi um dos três selecionados para apresentação, recebendo o prêmio de ‘Melhor apresentação oral’.
Além disso, o trabalho ‘Reforma de Instrumento de avaliação do processo de ensino-aprendizagem de componentes curriculares do curso de medicina na perspectiva do estudante’, recebeu ‘Menção honrosa’. O estudo foi desenvolvido pelos alunos Laura Kokeny de Oliveira, Igor Mendes D’Agrella, Santhiago Calvelo Graça, e pelos professores Dr. Paulo Henrique D’ângelo Seixas, Dra. Maria José Carvalho Sant’Anna e Dra. Ana Paula Tiemi Taniguti.
Para a chefe do Departamento de Atenção Primária à Saúde da FCMSCSP, a professora Dra. Maria José Carvalho Sant’Anna, os prêmios recebidos pela Faculdade durante o 60º Cobem reconhecem a qualidade dos trabalhos apresentados, mostrando a excelência do ensino oferecido pela Faculdade, além de valorizar as ações que vêm sendo realizadas na área de Atenção Primária. “ A tendência mundial aponta para a formação de médicos generalistas, que vão atender a pessoa com um olhar muito mais qualificado”, disse. “Assim como a Faculdade busca oferecer o ensino centrado no aluno, essa lógica contempla o cuidado centrado na pessoa.”
O trabalho ‘Caminhos de inovação do internato médico em Atenção Primária à Saúde: uma construção compartilhada entre diferentes atores’, foi desenvolvido por meio da metodologia de Design Thinking — uma ferramenta que busca de soluções inovadoras a problemas complexos — com o objetivo criar formas de tornar o internato em Atenção Primária à saúde atraente, desafiador e estimulante ao aluno em graduação.
De autoria das professoras Dra. Michele Lacerda Pereira Ferrer, Dra. Giselle Burlamaqui Klautau, Dra. Rosane Lowenthal, Dra. Andrea Tenorio Correia da Silva e Dra. Maria José Carvalho Sant’Anna, o estudo centrou-se no desenvolvimento de estratégias inovadoras para a efetivação da interação entre ensino-serviço-comunidade, atividade considerada fundamental para o bom andamento do serviço.
A integração ensino-serviço é um desafio para as instituições de ensino de Medicina. Desde 2014, as diretrizes do Ministério da Educação exigem que no mínimo 30% das atividades de internato sejam realizadas em serviços de Atenção Primária. “Temos evoluído muito no processo de possibilitar maior atividade dos alunos nas unidades básicas de saúde para que eles reconheçam quem são as pessoas que moram naqueles territórios e quais as suas reais necessidades de saúde”, afirma a professora Dra. Michele Ferrer, coordenadora pedagógica do Departamento de Atenção Primária da FCMSCSP. “Isso tem sido muito transformador para termos uma cooperação ativa com as unidades de saúde.”
Esse novo formato, que prioriza a relação com as práticas de Atenção Primária, começou a ser implantado na FCMSCSP a partir de 2018, possibilitando que o trabalho seja mais longitudinal e os futuros médicos permaneçam mais tempo nas unidades básicas de saúde, formando vínculos mais sólidos e efetivos na coordenação do cuidado. “Os alunos solicitavam mais ações fora do consultório, com visitas domiciliares, consultório na rua e discussão de casos em equipe multiprofissional, atributos que são da Atenção Primária”, disse. Atualmente, cerca de 50 alunos do 5º e do 6º ano participam concomitantemente do processo.
Já o trabalho ‘Reforma de Instrumento de avaliação do processo de ensino-aprendizagem de componentes curriculares do curso de medicina na perspectiva do estudante’ descreveu o processo de aprimoramento dos instrumentos de avaliação por discentes de disciplinas do curso de graduação em Medicina, tendo sido coordenado por comissão composta representantes discentes e docentes criada pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE).
Foram propostas duas fichas de avaliação discente de disciplinas. Dentre as melhorias propostas e implementadas, após aprovação do Conselho Interdepartamental (CID), estão a utilização da escala Likert e a inserção de itens imprescindíveis para avaliar o alinhamento dos instrumentos às necessidades sociais atuais — como o respeito aos princípios éticos e direitos humanos durante o decorrer da disciplina e a garantia de normas de segurança e da autonomia da pessoa sob cuidados de saúde. Além disso, foram adicionadas questões referentes à proporcionalidade dos métodos avaliativos e a autoavaliação focada na metacognição e na saúde mental dos estudantes.
Uma das necessidades apontadas pelos preceptores foi sobre a importância de capacitação docente para que estivessem melhor instrumentalizados para discutir casos por meio de metodologias ativas. Com as mudanças, o formato da pesquisa que os estudantes de Medicina de todos os anos respondem após o término de cada disciplina foi modificado com alterações estruturais que passaram pela avaliação de especialistas internos e externos da área de educação médica. Todas as mudanças foram construídas de forma participativa e coletiva.
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