25/10/2019
Fotos disponíveis para download no Flickr da FCM/Santa Casa de SP
Você é um bom ouvinte? A pergunta, estampada em um selo autoadesivo entregue para alunos e professores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de SP, é um desafio à reflexão sobre como lidamos com pessoas com gagueira. A distribuição aconteceu no contexto do Fórum pelo Dia Internacional de Atenção à Gagueira, celebrado em 22 de outubro/2019. O evento, organizado no mesmo dia pela Profa. Dra. Sandra Cristina Fonseca Pires, docente do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da FCM/Santa Casa de SP, instigou os alunos a ponderarem sobre as questões que envolvem a gagueira, vislumbrando um universo que vai além da intervenção fonoaudiológica.
Para subsidiar o debate, a primeira atividade do Fórum foi a exibição do premiado documentário “Quando eu Gaguejo “ (When I Stutter), produzido pelo norte-americano John Gomez, cineasta e mestre em Distúrbios da Comunicação . O filme traz depoimentos de pessoas com gagueira em diferentes estágios da vida e do tratamento da desordem da fala. Elas falam de suas experiências e esforços em comunicar-se para estudar, trabalhar, namorar ou mesmo conversar com um atendente ao telefone. Narrado por um ator que tem gagueira e também dá seu depoimento, o longa-metragem foi reconhecido internacionalmente por aumentar a consciência da população em geral sobre as dificuldades vividas por estas pessoas.
“A parte técnica da terapia fonoaudiológica é fundamental, mas é preciso considerar também a história de cada pessoa, suas vivências, para ajudar a dar voz a todas elas”, salientou a fonoaudióloga Daniela Veronica Zackiewicz, que participou do Fórum após o término do documentário. “Ao ser questionada sobre a gagueira, minha filha, então com 8, anos respondeu: ‘Eu não sou gaga, eu só gaguejo’. Para ela, a gagueira é uma característica e não algo que a define por completo”, exemplificou.
Mãe de duas crianças com gagueira, Daniela idealizou o projeto Oficina de Fluência juntamente com a fonoaudióloga Luciana Andrea Contesini. “Trata-se de uma forma diferente de abordar a gagueira, possibilitando que crianças, adolescentes e familiares compartilhem seus sentimentos e pratiquem estratégias para aprimorar a comunicação e a fluência”, explica Daniela. Das oficinas, resultam produções coletivas que podem ser usadas para falar sobre o assunto com familiares, professores e amigos.
“Nós olhamos para a pessoa como um todo, e não somente a patologia”, enfatizou a fonoaudióloga Renata Donadeli, que apresentou as ações da Associação Brasileira de Gagueira, organização não governamental fundada em 2004 com o objetivo de defender, elevar e manter a qualidade de vida de pessoas que gaguejam. “Lutamos para que as pessoas sejam respeitadas em sua forma de falar”, completou.
O Fórum foi enriquecido com depoimentos presenciais de pessoas que gaguejam e da mãe de uma criança pequena com o distúrbio. “Meu filho passou a isolar-se. É muito doloroso vê-lo sendo excluído”, desabafou.
Ao final do encontro, a professora Sandra Pires disponibilizou o atendimento da Clínica de Fonoaudiologia da Santa Casa de São Paulo. “No quarto ano do curso, nossos alunos realizam atendimentos de clínica adulto e infantil, quando têm oportunidade de atender pessoas que gaguejam, sob supervisão”, informou.
Como ser um bom ouvinte
Dicas da Oficina de Fluência:
Saiba mais:
Site do documentário “Quando eu Gaguejo”
Vanessa Krunfli Haddad