6/9/2019

Jornada acadêmica mostra amplitude da atuação do fonoaudiólogo Evento do Curso de Graduação em Fonoaudiologia inovou no tema e na conscientização dos alunos sobre seu papel na sustentabilidade do planeta

Fotos disponíveis para download no Flickr da FCM/Santa Casa de SP

 

Realizada entre os dias 4 e 6 de setembro, a XVII Jornada Acadêmica do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo trouxe profissionais de diferentes áreas para palestrarem e promoverem dinâmicas com os estudantes. O objetivo foi mostrar aos alunos as variadas vertentes da atuação fonoaudiológica, bem como sua interface com outras ciências, importante para proporcionar um cuidado integral aos pacientes.  Desta proposta deriva o tema central do encontro: Fonoaudiologia sem Fronteiras.

Além de fonoaudiólogos, profissionais da psiquiatria, neuropsicologia, geriatria, gastronomia, neurociências e marketing apresentaram e debateram questões relacionadas à transformação digital e inovações tecnológicas; audição e cognição no envelhecimento; seletividade alimentar, cuidados paliativos; afinação vocal e processamento auditivo; atipias na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); avaliação fonoaudiológica na discalculia e distúrbios da comunicação.

A importância das ações multiprofissionais e a diversidade de campos para atuação do fonoaudiólogo também ficaram evidentes nas três oficinas do evento: “Diálogos entre a Gastronomia, a Fonoaudiologia e a Neurociência”, ministrada por Maria Lucia Gurgel, gastróloga e professora do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); “Gramática de Corpo em LIBRAS”, com a Sylvia Lia Neves, docente da Graduação em Fonoaudiologia da FCM/Santa Casa de SP; e “Jogos de Linguagem”, desenvolvidos pelos alunos do 3º ano da Graduação, sob a coordenação da professora Noemi Takiuchi.

A Jornada Acadêmica em Fonoaudiologia abriu espaço, como de costume, aos estudantes do 4º ano, que contaram suas experiências nos estágios realizados. Também houve apresentação de pôsteres científicos de autoria dos alunos, cujos trabalhos serão publicados no suplemento da Revista Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

O evento aconteceu simultaneamente ao VI Encontro do Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação Humana da FCM/Santa Casa de SP e foi coordenado pela professora Margarita Bernal Wieselberg.  Participaram da comissão organizadora a diretoria, docentes e alunos do Curso de Graduação em Fonoaudiologia.

Compromisso com a sustentabilidade

Não foi apenas no tema que a Jornada inovou este ano. Para incentivar os estudantes a mudarem hábitos em favor do planeta, a organização do evento solicitou aos participantes que trouxessem seus copos para utilização durante os coffee breaks, oferecendo um brinde especial para aqueles que assim o fizessem. Liderados pela  professora Guadalupe Marcondes de Moura, alunos que participaram da organização colocaram lembretes nas paredes onde ficam os bebedouros do quarto andar do prédio da Faculdade, onde foi realizada a Jornada, com a frase “Use e abuse do seu copo retornável”.

A campanha foi um sucesso. Os alunos mostraram compromisso com a Guadalupe Marcondes de Moura e aderiram em massa à proposta, impactando positivamente até mesmo os funcionários do buffet contratado para servir os lanches.  “Eles comentaram que foi o primeiro evento do qual participaram que gastou apenas quatro copos descartáveis, metade de um pacote de guardanapos de papel e nenhum mexedor de plástico”, contou satisfeita a professora Cristiane Stravino Messas, membro da comissão organizadora.

Alguns destaques do evento

A Jornada foi aberta com palestra da professora Katia de Almeida, vice-diretora do Curso de Graduação em Fonoaudiologia e coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação Humana da FCM/Santa Casa de SP. Com o título “Fonoaudiologia em Perspectiva”, a preleção da professora incluiu uma visão geral do mercado nos Estados Unidos e no Brasil e explicação sobre as modalidades de pós-graduação lato e stricto sensu. “O profissional não deve parar de estudar com o término da graduação. É muito maior a demanda do mercado por fonoaudiólogos especializados”, aconselhou.

A segunda palestra, “Startups e Transformação Digital em Fonoaudiologia”, foi ministrada por André Lorenz Filho, fundador e diretor da Zeps Strategy Agency. Ele falou sobre a mentalidade por trás da criação de startups de sucesso. “São empresas caracterizadas pela agilidade. Os produtos são lançados assim que possuem o mínimo necessário para funcionar e gerar impacto. Posteriormente, são feitos constantes aprimoramentos com base no feedback dos clientes”, explicou.

Lorenz Filho também apresentou metodologias de inovação para empreendedores: Design Thinking, Lean, Agile e Scrum; tecnologias utilizadas pela indústria 4.0 e tendências em inovação: Realidade Aumentada, Realidade Virtual, Inteligência Artificial, Neurotecnologia, Novas Tecnologias Espaciais, Bioengenharia, Impressão 3D, Internet das Coisas, Gamificação, Storytelling e Big Data; e exemplos de startups nas áreas da saúde e fonoaudiologia.

A oficina “Diálogos entre a Gastronomia, a Fonoaudiologia e a Neurociência”, contou com uma palestra repleta de referências de textos, livros, vídeos e filmes, feita pela professora da UFPE Maria Lucia Gurgel, que é fonoaudióloga e gastróloga. Ela abordou as relações do sujeito com o alimento desde a pré-história até os dias atuais, mostrando as transformações no preparo e no status social da comida com as evoluções nos campos da tecnologia e do trabalho, assim como as influências das diferentes culturas e características geográficas.

Em seguida, Maria Lucia fez um elo entre a história da alimentação e a neurociência, falando sobre as interferências da memória filogenética.  Além disso, expôs como os diferentes sentidos colaboram para a experiência alimentar, levando o cérebro a associar cheiros, sons, cores e texturas com determinados alimentos e seu frescor. “É importante usar este conhecimento no preparo de refeições para pacientes com restrições, oferecendo opções mais atrativas e palatáveis e colaborando, assim, com a sua saúde e bem-estar”, frisou. Após a explanação, os alunos vivenciaram atividades divertidas para a compreensão da relevância do olfato, das cores e da apresentação dos alimentos para a percepção do sabor.

Vanessa Krunfli Haddad