21/07/2022

Julho, mês dedicado à prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço Para especialistas, é importante conscientizar a população da gravidade da doença e sobre a importância do diagnóstico precoce

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27 de julho é dedicado ao Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço, sendo que o Julho Verde é o mês de conscientização da doença. Diante disso, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) preparou uma série de vídeos que foram disponibilizados em nossas redes sociais, sendo que o compilado destes vídeos se encontra no canal do Youtube da Instituição, para falar sobre o terceiro câncer mais comum em homens. Os vídeos serão apresentados pelos professores Drs. Antônio José Gonçalves, Alexandre Babá Suehara, Marianne Yumi Nakai e Norberto Kodi Kavabata, que abordarão os temas Câncer de Cabeça e Pescoço, Câncer de Boca, Câncer das Glândulas Salivares e História do Câncer de Cabeça e Pescoço.

De acordo com o professor Dr. Antônio José Gonçalves, do curso de Pós-graduação em Pesquisa em Cirurgia da FCMSCSP, a campanha desenvolvida pela Faculdade acontece há oito anos e é fundamental para auxiliar no diagnóstico precoce da doença, aumentando, assim, as chances de cura. O câncer de cabeça e pescoço acomete a região da face, em toda a região do pescoço como a tireoide, das glândulas salivares, na boca, na faringe, na laringe, nos seios paranasais (pequenas cavidades localizadas próximas do nariz), orofaringe (parte da garganta logo atrás da boca), na pele, entre outros locais fáceis de visualizar o surgimento de sintomas cancerígenos, mas que ainda não são considerados com a seriedade que a doença exige.

Sintomas podem sugerir necessidade de iniciar tratamento 

Dentre os sintomas estão: feridas que não cicatrizam; alteração na voz que não melhoram depois de 20 a 30 dias; alterações na deglutição; manchas na pele, sejam elas manchas escurecidas ou somente alterações; aumento dos linfonodos, popularmente conhecidos como caroços no pescoço. Segundo o professor, foi estimado, para o ano de 2022, cerca de mais 40 mil casos da doença no Brasil, mas a maioria em estágio avançado, em que as chances de cura, mesmo após cirurgia, radioterapia e quimioterapia, principais meios de tratamento, ficam reduzidas para 50%. “Se você fizer o tratamento precocemente, possivelmente você consiga obter a remissão com um procedimento único, muitas vezes apenas com cirurgia ou somente com radioterapia, trazendo menos sofrimento ao paciente e economizando, também, para o sistema de saúde”, afirma o Dr. Antônio.

Por afetar diversas regiões, o câncer é considerado muito agressivo, alcançando, em casos avançados, uma taxa de sobrevivência de 30% a 40% após cinco anos da cirurgia, enquanto que a taxa de sobrevivência no primeiro ou segundo estágio da doença pode chegar até 90% e mesmo quando há cura, ainda assim o câncer de cabeça e pescoço pode causar sequelas importantes, como alteração no paladar, ombros fracos e dificuldades de engolir. “Por isso que a campanha do “Julho Verde” é tão importante, para que a gente possa fazer um diagnóstico do câncer enquanto ele está só na língua, na laringe, dando somente a rouquidão ou uma feridinha, sem que surja caroço no pescoço”, diz. “Quando o caroço aparece, diante da disseminação do câncer, aí a taxa de sobrevivência cai para metade”, reforça o professor.

Dependendo da região afetada, há fatores de riscos específicos que se deve ficar atento para não causar a doença. No caso do câncer de pele, é importante tomar sol com protetor solar e evitar os picos de radiação, que costumam acontecer entre às 10h e 16h; enquanto que o câncer da tireoide surge devido à exposição à radiação. Porém um dos principais fatores são o cigarro, que pode afetar todas as localizações da cabeça e do pescoço, e a transmissão do papilomavírus humano (HPV), afetando, em especial, a orofaringe.

Apesar da gravidade da doença, conscientização tem elevado o número de notificações 

Apesar da alta estimativa de casos e o preocupante cenário no que se refere ao câncer de cabeça e pescoço, Antônio acredita que este aumento na notificação dos casos se dê principalmente devido ao sucesso da campanha. “O ultrassom hoje é um exame que tem em todos os lugares e que os pacientes do SUS também têm acesso, então a gente acredita que estamos fazendo mais diagnósticos”, diz. “Além disso, as pessoas estão vivendo mais, a sobrevida média dos brasileiros está na faixa de 72 anos, e, com isso, elas têm mais chance de desenvolver um tumor maligno”, conclui.

A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo também entende a importância da campanha do Julho Verde. Com reuniões semanais com a Liga Acadêmica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, a Instituição participa de campanhas de prevenção ao câncer. Além disso, também há uma disciplina optativa de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, onde os alunos têm acesso a ambulatórios para saber como examinar e detectar o câncer, além de compreender melhor sobre exames rotineiros realizados para o diagnóstico precoce, como a endoscopia do pescoço para cima.