16/9/2020
Mães e filhas podem estar unidas por muitas coisas, é verdade, desde a família até o trabalho ou um hobby. Na cidade de Belo Horizonte, porém, Claudia da Silva, de 49 anos, e Ludmilla Alves Bento, de 24, chamam a atenção por outra coisa: mãe e filha nasceram com uma mecha branca idêntica na parte da frente do cabelo (Veja foto ao lado.). A característica vem de uma síndrome hereditária, que também causa manchas no corpo e surdez, como é o caso da jovem. O traço exótico costuma atrair os olhares dos desconhecidos, que comentam sobre a semelhança das duas. “Sempre nos falam que parecemos gêmeas ”, conta Claudia em entrevista à Pais&Filhos.
Além do cabelo, mãe e filha possuem manchas idênticas na pele. As duas são as únicas da família com a síndrome de Waardenburg; uma alteração genética que pode levar à perda auditiva, alterações na pigmentação dos cabelos, olhos e pele. Segundo o Presidente da Sociedade Brasileira de Otologia e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Edson Ibrahim Mitre, pai de Pedro e Lucas, não existem tratamentos ou cura para a condição. “Nem sempre os pacientes nascem com a mecha branca, pois a maneira que os sintomas se expressam é diferente”, diz o especialista.
Logo quando Claudia engravidou, a família e os amigos começaram a perguntar se a filha nasceria ou não parecida com a mãe. O que hoje a mineira vê como uma forma das duas se sentirem mais próximas, foi motivo de receio durante a gestação . “Quando a Ludmilla nasceu só dava para perceber a mecha, não dava pra ver as manchas, fiquei até aliviada. Mas quando vi que ela tinha as manchas também fiquei preocupada. Na verdade, mesmo já esperando por isso, eu assustei quando vi que ela teria tudo igual a mim”, explica ela.
O receio da mãe vinha principalmente da vergonha que ela mesma experimentou durante a juventude, quando tentava esconder as marcas. “Eu tinha um desconforto sim. Só hoje, com 49 anos, é que saio com shorts por perto de casa, mas quando mais nova não usava biquíni e tinha vergonha de sair com meu namorado”, conta.
Apesar disso, Claudia e Ludmilla nunca sofreram preconceito, só curiosidade. “As pessoas ficam surpresas e acham bacana, porque nossas mechas e manchas são idênticas, no mesmo lugarzinho. Elas ficam espantadas e ao mesmo tempo acham bonito, elogiam”, diz.
Ludmilla foi diagnosticada com a síndrome de Waardenburg (Foto: Arquivo Pessoal)
O maior obstáculo que elas enfrentaram como portadoras da síndrome rara foi a deficiência auditiva de Ludmilla. De acordo com Edson Ibrahim Mitre, ela é responsável por 3% dos casos de surdez entre crianças. Foi o caso da jovem, que recebeu o diagnóstico com 2 anos, quando Cláudia percebeu que a menina estava demorando para começar a falar.“A notícia da surdez da Ludmilla não me assustou muito, porque não foi uma notícia direta “sua filha é surda”. A médica disse que era um atraso de 6 meses, então eu pensei que ia voltar tudo ao normal rápido. Quando vi que ela tinha mesmo dificuldade de ouvir e de falar, fiquei com muita pena dela, achei que ela poderia sofrer muito na escola, só que na verdade foi mais tranquilo do que eu imaginei”, conta.
A relação entre as duas é de carinho e apego, afinal, Claudia não teve mais filhos e Ludmilla ainda não sente vontade de ter a própria família. O cabelo é só um dos laços que unem mãe e filha: “Eu sinto essa ligação. As pessoas falam que somos iguais, mas eu sinto que temos uma ligação muito maior que isso. Um segmento, um elo”, finaliza.
Bebê de mecha branca
Recentemente o caso de um bebê que nasceu com a mecha branca no cabelo fez o maior sucesso nas redes sociais. Por coincidência, Téo também é mineiro, e a mãe, Fernanda Oliveira dos Santos, contou o sucesso que ele fez ainda na maternidade. “Todo mundo ficou apaixonado. Ele tirou foto com todas as enfermeiras”, ela disse em entrevista ao G1.
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