07/02/2023

Projeto de pesquisa ‘Pessoas idosas que moram sozinhas: demandas para as políticas públicas’ coordenado pela FCMSCSP é aprovado pelo CNPq A iniciativa que conta com a participação de outras quatro instituições de ensino tem a coordenação geral do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Governo Federal, aprovou o projeto de pesquisa ‘Pessoas idosas que moram sozinhas: demandas para as políticas públicas’, que conta com a coordenação geral do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP).

O edital, que foi lançado no ano passado conta com um investimento de R$ 362.991,09 para os dois anos de pesquisa, e prevê que a pesquisa seja realizada em rede, formada por grupo interdisciplinar. Assim, outras quatro instituições de ensino integram o estudo: a Faculdade de Medicina de Jundiaí – SP, a Escola da Cidade/Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo e o Centro Universitário FMABC, de Santo André – SP. A coordenação geral do projeto é do professor Dr. Nivaldo Carneiro Junior, que é o chefe do Departamento de Saúde Coletiva da FCMSCSP.

Pesquisa vai investigar demandas sociais de idosos que vivem sozinhos

O projeto irá analisar os determinantes estruturais e intermediários de vulnerabilidade de pessoas idosas — com idade a partir de 60 anos — que moram sozinhas em Regiões Metropolitanas do estado de São Paulo, identificando necessidades e demandas para a rede de atenção à pessoa idosa, contribuindo, deste modo, para formulação de políticas públicas. “Esse projeto de pesquisa busca levantar dados para diminuir as desigualdades sociais, contribuindo para políticas públicas”, destaca Nivaldo Carneiro Junior. “Assim, percebemos que a questão do idoso, do envelhecimento, era um tema importante, e esse recorte no idoso que vive sozinho é outra realidade social ainda mais relevante, que demanda subsídios para a formulação de políticas públicas eficientes. Então surgiu a motivação de levantar, entender a necessidade, no atendimento, da proteção social de idosos que vivem sozinhos.”

Uma das realidades que aumentam a relevância da realização do estudo está no fato de que o Brasil apresenta intenso e rápido processo de envelhecimento populacional. Estima-se que em 2038 seremos um país idoso, implicando importantes impactos socioeconômicos, assistenciais e epidemiológicos. Nesse sentido, dimensões socioeconômicas, culturais, políticas, técnicas e gerenciais compõem quadro complexo e heterogêneo de determinantes estruturais e intermediários nas condições de vida e processo saúde-doença-cuidado das pessoas idosas, ocasionarão — o que já vem sendo verificado — vulnerabilidades sob variados aspectos. Nesse contexto, destacam-se aquelas pessoas que vivem sozinhas, emergindo pauta indispensável para a elaboração de políticas públicas. Estima-se que cerca de 21% dos idosos vivam sozinhos, sendo os principais motivos o fato de não terem constituído famílias, ou porque romperam com estas.

Em sete anos, a população de idosos no Brasil mais que dobrou

A implicação desse quantitativo vem sendo colocada em vários textos e posições de instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmando que a população mundial está em franco envelhecimento, e no Brasil esse envelhecimento tem sido rápido. O último Censo Demográfico é do ano de 2010 e o que se tem, a partir daí, são estimativas por meio de pesquisas pontuais. A previsão é que em 2019 o Brasil tinha quase 33 milhões de idosos, correspondendo a cerca de 16% da população, de um total estimado em 210 milhões de pessoas. “Se pensarmos que em 2012 a estimativa que se colocava era de 7% da população de idosos, e em 2019 estamos com 16%, isso reflete um envelhecimento rápido da nossa sociedade. Essa transição demográfica implica em novos perfis de adoecimento, doenças crônicas, neoplasias e a necessidade de cuidado, porque há fragilidades: as pessoas estão vivendo mais com os avanços da medicina, com algumas melhorias nas condições de vida e das políticas públicas”, afirma. “Atualmente, a expectativa de vida no Brasil é de 75 anos e isso impacta na saúde, nas áreas sociais, na Previdência Social, ou seja, há vários desdobramentos porque a população precisa de cuidados, até pela sua fragilidade biológica; às vezes elas estão bem, são autônomas, mas também apresentam fragilidades.”

Seleção do projeto da FCMSCSP demonstra prestígio e relevância da instituição na contribuição para a formulação de políticas públicas, sendo importante também para a formação dos alunos

O projeto foi contemplado na chamada ‘CNPq/MCTI/FNDCT Nº 40/2022 – Pró-Humanidades: Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Humanidades’, na Linha 3, dedicada a Políticas públicas para o desenvolvimento humano e social. Além de cobrir os recursos para despesas de custeio e capital, o projeto contará com auxílios para bolsas de Iniciação Científica, para Pós-doutorado Júnior e Professor Visitante. O período de execução do projeto é de dois anos, indo até dezembro de 2024, tendo se iniciado em dezembro de 2022. “Para a FCMSCSP coordenar uma pesquisa dessa magnitude é algo que demonstra prestígio, por estarmos tratando dessa questão que é atual, contemporânea e necessária para a formulação de boas políticas públicas, como também dará elementos para a formação dos profissionais de saúde da Faculdade da Santa Casa de SP.”

A pesquisa será desenvolvida envolvendo metodologias quantitativas e qualitativas, nas quais serão levantados dados secundários por meio de documentos, das políticas públicas vigentes, ou através de dados com estimativas. “Esperamos que o Censo de 2022 seja concluído e lançado, e também vamos utilizar outras fontes de dados sobre os idosos no Brasil”, disse. “Faremos, ainda, entrevistas com idosos sozinhos para levantar suas necessidades de cuidados de atenção, como também com profissionais da área da saúde e da assistência social.”

A equipe de pesquisadores é composta pelos professores doutores Alexandre Silva, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Jundiaí – SP; Anália Maria Marinho de Carvalho Amorim, da Escola da Cidade, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo – SP; Marisa Accioly R.C. Domingues, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP; Michele Lacerda Pereira Ferrer, do Departamento de Atenção Primária à Saúde da FCMSCSP; Patrícia Martins Montanari, do Departamento de Saúde Coletiva da FCMSCSP e Vânia Barbosa do Nascimento, do Departamento de Saúde da Coletividade, Centro Universitário FMABC, Santo André – SP.

Resultados esperados com a pesquisa:

  • Pautar na agenda pública a necessidade de políticas e programas para idosos que vivem sozinhos.
  • Articular agentes públicos, pesquisadores e segmentos da sociedade civil visando inserção na agenda pública de políticas para idoso que vivem sozinhos.
  • Difundir conhecimento sobre envelhecimento e políticas públicas no meio acadêmico como também na sociedade em geral.
  • Fomentar a formação de profissionais nas áreas afins sobre envelhecimento e identificar os problemas das atuais políticas públicas de proteção à pessoa idosa vulnerável que mora só, propondo soluções que poderão ter continuidade em um estudo de implementação.
  • Reduzir iniquidades sociais no acesso aos serviços públicos para idosos que vivem sozinhos.