11/07/2022
O último final de semana foi marcado por uma passagem significativa na vida dos formandos da IV Turma de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), com a celebração dos 50 anos de formatura. Os 104 egressos da “gloriosa quarta turma”, como seus integrantes fazem questão de denominá-la, colaram grau no dia 17 de dezembro de 1971.
A comemoração, que foi organizada durante cinco anos, estava prevista para acontecer em 2021, mas, por conta da pandemia do novo coronavírus, ocorreu no sábado (09/jul) no Auditório Dr. Christiano Altenfelder, da FCMSCSP (Rua Jaguaribe, 155). O evento contou com a presença de dezenas de ex-alunos que iniciaram seus estudos no ano de 1966, três anos depois da Faculdade ter iniciado suas atividades. Na abertura do encontro, o reitor da FCMSCSP, professor Dr. José Eduardo Lutaif Dolci, foi representado pelo vice-reitor, professor Dr. Irineu Francisco Delfino Silva Massaia.
Na foto, os formandos recebendo os anéis de formatura, em frente à Capela da Santa Casa de Misericórdia, no ano de 1971 (Foto: Arquivo pessoal/Osmar Monte)
Muitos dos presentes haviam se encontrado pela última vez no dia da formatura, motivo pelo qual o momento de confraternização foi marcado por abraços afetuosos, recordações e muita emoção. O professor Dr. Osmar Monte, titular do departamento de Ciências Fisiológicas da Faculdade e um dos organizadores do encontro, lembrou da qualidade intelectual do grupo, que estudava muito para tirar notas altas. Muitos dos egressos seguiram o caminho da docência, possivelmente um dos motivos pelos quais a quarta turma foi a que mais ofereceu professores à Faculdade e também a outras instituições de ensino pelo país. Os ex-alunos que não seguiram a carreira acadêmica, também se tornaram ótimos médicos no atendimento geral à população em seus respectivos locais de trabalho espalhados pelo Brasil. “Devo tudo o que sou na vida à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP e à Irmandade da Santa Casa”, disse.
Atualmente, Monte é o único ex-aluno da Faculdade com o título de Professor Emérito na instituição. “Formei-me na Santa Casa, fiz residência em Clínica Médica, especialização em Endocrinologia e Metabologia e, em 1975, criei a disciplina de Endocrinologia Pediátrica, que funciona até hoje na Faculdade”, disse. Foi um trabalho incessante nesses 50 anos, dos quais, se eu pudesse, repetiria tudo novamente.”
Para o professor Dr. Valdir Golin, que foi reitor da FCMSCSP entre 2012 a 2017, outra marca da quarta turma foi o coleguismo entre os alunos. “Havia uma forte ligação afetiva entre todo o grupo, pelo desenvolvimento intelectual, pelo estudo. Foi uma turma maravilhosa, uma das melhores que já passaram pela Faculdade”, destacou.
Golin formou-se na Faculdade, foi residente, e por 30 anos foi coordenador clínico do Pronto-Socorro Central da Santa Casa de Misericórdia, tendo exercido outros diversos cargos sempre ligados à Santa Casa e à Faculdade, como coordenador e presidente da comissão de residência médica e diretor da Faculdade de Medicina. “Mas o que eu mais me orgulho é de ter sido médico”, disse. Para os alunos que estão cursando Medicina ou recém formados, ele deixa um conselho: “Estude sempre, aprenda sempre, tenha muita humildade no exercício da profissão e cuide bem de seus pacientes.”
Também egresso da 4ª Turma, o médico Hamilton Petito, que atualmente reside em Pomerode (SC), logo após cursar Medicina, realizou pós-graduação em Cardiologia na Universidade da Califórnia (EUA). De volta ao Brasil, formou-se em Filosofia e Matemática, foi secretário municipal de Saúde e vereador em sua cidade. “Tenho a convicção que a quarta turma deixou uma marca positiva e indelével na história da Santa Casa de Misericórdia e na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, porque forneceu sementes produtivas, com posições importantíssimas na Medicina”, disse. “É uma turma que teve uma produção muito grande de pessoas que tiveram uma colaboração muito importante para a ciência.”
Petito se considera de uma época em que o interesse pela Medicina e a dedicação eram fatores cruciais para a formação. “Hoje não observamos isso nos alunos mais novos; atualmente, o pessoal quer um imediatismo que não é útil, que não é interessante para Medicina em si. Quer dizer, só quando você se dedica, só quando você participa daquilo que a Faculdade tem a oferecer que você tem uma chance maior de se tornar um bom profissional médico. Então, meu conselho é: procure se interessar, participar e estude muito, não se deixe levar apenas pelos protocolos atuais, que são muito práticos, mas, muitas vezes não permitem que o médico pense.”
Um dos momentos mais emocionantes do encontro foi o depoimento de Alessandra Terrazas, que representou seu pai, o Dr. Mariano Terrazas, que reside em Manaus (AM) e não pôde participar do evento. “Tenho exatamente a idade da turma de vocês: eu nasci em 1971, quando vocês estavam se formando. Quando meu pai foi para o Amazonas, eu tinha 4 anos. Ele levou toda a experiência que adquiriu ao lado de vocês para lá, tendo sido o primeiro cirurgião cardíaco do estado.”
Alessandra lembrou que cresceu ouvindo de seu pai a história de seus colegas da quarta turma. “Vocês fazem parte da vida do meu pai, e, consequentemente, fazem parte da minha vida, porque ser filho de médico não é algo fácil, a gente também faz uma doação. Eu cresci sem ver meu pai todos os dias. Ele dedicou a vida à Medicina, como vocês dedicaram por amor à profissão e por amor ao próximo”, disse.
Logo após os depoimentos, ocorreu o descerramento de placa alusiva aos 50 anos de formatura da IV Turma de Medicina da FCMSCSP, que está afixada no hall de entrada da Faculdade (Rua Jaguaribe, 155 – Vila Buarque). Em seguida, os egressos posaram para a foto comemorativa e seguiram para almoço de confraternização, que foi realizado no restaurante “A Toca”, tradicional ponto de encontro dos alunos da FCMSCSP.
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