22/7/2019

Julho Verde: Santa Casa orienta pacientes em reabilitação após remoção da laringe Objetivo foi apresentar os métodos para recuperação da voz depois da cirurgia, realizada em decorrência de tumores de cabeça e pescoço

Fotos disponíveis no Flickr da FCMSantaCasa.

Nesta segunda-feira, 22, a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo e a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) reuniram pacientes do Ambulatório de Cirurgia de Cabeça e Pescoço para esclarecimentos sobre reabilitação vocal. Os pacientes convidados são laringectomizados totais, ou seja, passaram por cirurgia para remoção completa da laringe em decorrência de tumores na região.

O encontro faz parte das atividades organizadas pela FCM/Santa Casa de SP e pela ISCMSP para a Campanha Julho Verde, iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP). O mês foi escolhido em função do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, 27 de julho, data estabelecida pela International Federation of Head and Neck Oncologic Societies (IFHNOS).

É possível voltar a falar

A laringectomia total acarreta a perda temporária da voz, devido à retirada das pregas vocais, músculos que ficam na laringe e vibram com a passagem do ar, possibilitando a vocalização. A reabilitação fonoaudiológica permite que o paciente volte a se comunicar por meio da fala, usando a voz esofágica no lugar da voz laríngea. “O ar do meio ambiente entra pelo esôfago que, ao expulsá-lo, vibra e emite o som. Com a articulação dos lábios, língua e dentes, este som se transforma em palavras”, explicou Daniela Serrano Marquezin, fonoaudióloga da ISCMSP que participou do evento.

Há ainda dois outros métodos que auxiliam o processo de fonação: a prótese vocal e a laringe eletrônica. A prótese é inserida em um orifício feito no pescoço (traqueostoma), que proporciona a comunicação da traqueia com o esôfago. Desta forma, o ar que entra pelos pulmões soma-se àquele expelido pelo esôfago, resultando em uma fala mais fluente. A laringe eletrônica é um dispositivo externo portátil que gera vibração quando colocado na pele do pescoço ou do rosto. A voz produzida por ela tem um som metálico, parecido com um robô.

Os métodos foram explicados aos pacientes presentes no encontro, que puderam tirar suas dúvidas e também trocar experiências.  Participaram da reunião pacientes que estão totalmente reabilitados e fazem uso da voz esofágica ou traqueoesofágica (com prótese vocal). “Tão importante quanto curar o tumor é reabilitar o paciente e reinseri-lo na sociedade”, destacou o professor Antônio José Gonçalves, diretor do Departamento de Cirurgia da ISCMSP e titular da FCM/Santa Casa de São Paulo, que abriu o encontro.

Prótese vocal e laringe eletrônica

O uso de próteses vocais foi detalhado por Bruno Souza, representante da empresa Atos Medical.  Ele também apresentou acessórios que proporcionam maior conforto ao paciente e ressaltou a importância da limpeza diária para maior durabilidade do dispositivo.  A laringe eletrônica foi demonstrada por Melissa Medeiros, coordenadora da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil), organização da sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, que visa facilitar o acesso ao diagnóstico, tratamento e reabilitação aos portadores de câncer de cabeça e pescoço.

Melissa passou por uma laringectomia total e faz uso da laringe eletrônica. Ela compartilhou suas dificuldades durante o processo de reabilitação e contou sua trajetória para ajudar as pessoas a recuperarem a própria voz. “A ACBG nasceu para auxiliar aqueles que passaram por um câncer mutilador a entenderem sua nova vida”, afirmou. “Algumas pessoas ganham a prótese ou laringe eletrônica e não a utilizam por vergonha, mas não há motivo para isso. O câncer ficou para trás e nosso papel é voltar para a sociedade, inclusive para que todos saibam de nossa existência”, frisou, lembrando que a visibilidade é essencial para que os pacientes recebam os benefícios previstos na legislação brasileira para pessoas com deficiência.  “As leis existem e devemos nos mobilizar para que sejam cumpridas”, disse, citando o direito das pessoas ostomizadas às próteses e acessórios.

Mobilização no Parque do Ibirapuera

No próximo domingo, dia 28, será realizada uma caminhada em prol da Campanha Julho Verde no Parque do Ibirapuera, em SP. O ponto de encontro, a partir das 8h, é a Arena de Eventos, onde haverá atividades de orientação  para prevenção do câncer de cabeça e pescoço e para uma vida saudável. Também estão previstas aulas de yoga. A ação é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo.

Saiba mais:

Pacientes que removem a laringe podem voltar a falar

Orientações do Instituto Nacional do Câncer aos pacientes laringectomizados

Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Associação de Câncer de Boca e Garganta

World Head and Neck Cancer Day – 27th July

International Federation of Head and Neck Oncologic Societies (IFHNOS)

Diretrizes Nacionais para a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS

Vídeos  sobre prevenção e fatores de risco

Vanessa Krunfli Haddad