23/3/2020

Saúde despreparada no tratamento dos idosos Professor da FCMSCSP é entrevistado pelo Estadão

Sempre chega o dia em que não há mais escapatória e, uma a uma, as pessoas são obrigadas a reconhecer que estão ficando velhas. Há anos se repete que o Brasil é um país de jovens, por mais que as estatísticas agora demonstrem o contrário.

O alastramento do coronavírus, que pôs os mais velhos no grupo de risco, mostra que o Brasil não se preparou para lidar com essa relevante mudança demográfica. O envelhecimento da população não teve correspondência em políticas de saúde apropriadas.

Não é apenas o Sistema Único de Saúde (SUS) que se mostra desequipado para atender à cada vez maior demanda pelos idosos. Também o setor privado expõe graves deficiências. A principal delas é a de que os planos de saúde cobram mensalidades impraticáveis dos associados mais velhos para lhes garantir atendimento médico, exames clínicos e internação hospitalar.

As universidades cuidam do ensino e treinamento dos futuros médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, mas preveem pouca carga horária para tratar de geriatria e de gerontologia. Continua excessivo o foco na pediatria, num país cuja taxa de natalidade vem caindo. Não por acaso, essa situação se reflete sobre toda a rede nacional de saúde, que atua com profissionais pouco habilitados para isso.

Falar em cuidados para idosos pode ser algo genérico demais, adverte o geriatra Marcos Daniel Saraiva, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. “O envelhecimento não depende só de fatores genéticos. Pesam, também, fatores ambientais, culturais, psicológicos e o estilo de vida”, diz. Estes são decisivos no registro de tantas diferenças. Enquanto muitos com mais de 80 anos se mantêm independentes e ativos, outros, com menos de 70, se mostram prostrados, incapazes dos cuidados mais simples consigo próprios.

Saraiva recomenda que os investimentos públicos destinados ao atendimento dos idosos não se restrinjam a questões de saúde somente, mas também contemplem as atividades das secretarias de urbanismo, cultura e transportes, de modo a garantir maior inclusão daqueles que logo serão a maior parte da população brasileira.

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