12/09/2023
A aluna do programa de Mestrado da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Isabella Bacci Bustelli, e a docente do Departamento de Ciências Fisiológicas da FCMSCSP, Profª Dra. Ariadiny de Lima Caetano, foram premiadas XXXVII Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). O evento, que ocorre anualmente desde 1986, ocorreu entre os dias 27 a 30 de agosto, em Búzios, no Rio de Janeiro.
Dentre os trabalhos apresentados em formato de pôster, o trabalho de Isabella Bustelli e da professora Ariadiny Caetano recebeu menção honrosa. Intitulado de “An alternative animal model for cognitive investigations may help uncover the role of the locus coeruleus in triggering preclinical dysfunctions in Parkinson’s disease” (“Um modelo animal alternativo para investigações cognitivas pode ajudar a descobrir o papel do locus coeruleus no desenvolvimento de disfunções pré-clínicas na doença de Parkinson”) o trabalho tinha como objetivo verificar a participação do Locus Coeruleus, — ou seja, núcleo cerebral que se encontra na ponte do tronco encefálico —, em aspectos cognitivos da doença de Parkinson (DP).
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, progressiva e de caráter crônico, onde há a perda dos neurônios da substância negra, refletindo em sintomas como a Bradicinesia (lentificação e dificuldade em realizar movimentos); Hipocinesia (diminuição e dificuldade em iniciar os movimentos); Alterações na postura e no equilíbrio, entre outros.
Além dos sintomas motores, os pacientes também podem apresentar os sintomas não-motores, ou sintomas pré-clínicos, como, por exemplo, as disfunções cognitivas, depressão, ansiedade, distúrbios do sono, alterações no olfato, etc.
De acordo com a professora Dra. Ariadiny Caetano, os sintomas pré-clínicos, como depressão, ansiedade e alterações de memória, podem aparecer anos antes do diagnóstico clínico e que podem estar relacionados com a degeneração do Locus coeruleus – núcleo cerebral presente no tronco encefálico – e agravar a progressão da doença e a qualidade de vida do paciente. Assim, para compreender a evolução do Parkinson, torna-se necessário acompanhar também a evolução destes sintomas.
Deste modo, a pesquisa “An alternative animal model for cognitive investigations may help uncover the role of the locus coeruleus in triggering preclinical dysfunctions in Parkinson’s disease” desenvolve um modelo animal inédito, onde foi induzido a perda dos neurônios da substância negra em conjunto com a perda dos neurônios do Locus coeruleus, mimetizando o que ocorre com os humanos, assim possibilitando um modelo animal que nos permitiria investigar as alterações pré-clínicas da DP.
Segundo a professora, o trabalho científico contribui com o avanço da sociedade como um todo. “Neste caso, cada peça deste quebra-cabeça pode servir como enredo para as demais pesquisas do país e do mundo, visando sempre o avanço em busca da Fisiopatologia e tratamento destas doenças que impactam tanto a população e das quais boa parte de nós estamos suscetíveis”, explica.
Ainda de acordo com a professora Ariadiny, o trabalho é importante tanto para a academia, quanto para a indústria farmacêutica, ou seja, para o tratamento da doença. Para o âmbito acadêmico, o estudo pode agregar aos conhecimentos preexistentes sobre a doença, bem como servir de estudo comparativo com outros modelos da Doença de Parkinson já desenvolvidos.
Em relação ao avanço da indústria farmacêutica, este estudo contribui uma vez que o locus coeruleus pode atuar como um potencial alvo farmacológico para o tratamento dos sintomas pré-clínicos de diversas doenças neurodegenerativas, não apenas o Parkinson.
“O grande diferencial deste trabalho está na possibilidade de avaliação dos aspectos cognitivos da DP em um modelo animal mais próximo do que ocorre nos seres humanos”, conclui a Profª Dra. Ariadiny Caetano.
O trabalho foi fruto do projeto de pesquisa desenvolvido pela aluna Isabella Bacci Bustelli, que, em 2017, começou o projeto na Iniciação Científica, onde foi contemplada com bolsa de fomento FAPESP. Mais tarde, o estudo foi lapidado, tornando-se um projeto de Mestrado, também desenvolvido pela aluna (2021-2023), novamente com apoio FAPESP. O projeto também contou com fomento da Instituição durante todo o seu desenvolvimento (FAP-FCMSCSP 2020-2022).
A FeSBE congrega vinte e duas sociedades associadas, entre elas a Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, cuja entidade a FCMSCSP é sócia, e tem com objetivo difundir o conhecimento científico e fazer se representar junto às autoridades governamentais e à sociedade em geral na defesa dos temas relevantes para o desenvolvimento da ciência.
Na oportunidade, participaram alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado e pesquisadores de todo o país e pesquisadores estrangeiros.
De acordo com a professora Ariadiny, o recebimento da menção honrosa é muito importante para os alunos e pesquisadores, pois significa que seu trabalho se destacou entre os mais variados trabalhos apresentados. “A FeSBE contou com mais de 1500 trabalhos de alunos de iniciação científica e pós-graduação das mais diversas áreas. Receber menção honrosa é um incentivo a mais para que a gente possa fazer trabalhos cada vez mais completos e melhores, além de mostrar que a ciência dos laboratórios está muito próxima da sociedade”, diz.
A professora também exemplifica que o certificado de menção honrosa valoriza o aluno, os co-autores do trabalho e o orientador perante a plateia que participou do congresso e a sua Instituição. “A menção reflete positivamente na procura de mais alunos para o desenvolvimento de novos projetos de iniciação científica e pós-graduação”, conclui.
Nesta edição, o departamento de Ciências Fisiológicas da FCMSCSP contribuiu com cinco trabalhos apresentados em formato de pôster:
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