10/06/2022

Pesquisa relaciona investimento em vacinas a aumento do PIB; professor da Faculdade alerta para risco da volta de doenças extintas Em entrevista ao Jornal da Cultura, o professor Dr. José Cassio de Moraes falou sobre as consequências da queda da vacinação e os impactos positivos da campanha contra a Covid-19

O professor e pesquisador Dr. José Cassio de Moraes, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), é um dos coordenadores de pesquisa inédita para identificar os motivos da queda na cobertura vacinal infantil no Brasil. O trabalho, desenvolvido a pedido do Ministério da Saúde, teve o resultado divulgado recentemente.

Nesta semana, pesquisa encomendada pela farmacêutica Pfizer, aponta que assim que diminuiu o número de casos graves de Covid-19, internações e óbitos, a vacinação promoveu a retomada das atividades econômicas, incluindo a geração de trabalho e renda. A vacinação realizada entre maio e agosto de 2021 não só salvou a vida de 600 brasileiros por dia, como também auxiliou na economia do país. Assim, com este retorno, a imunização contra a doença gerou R$ 200 bilhões para a economia no ano passado, o que representa que a cada R$ 1 investidos em cobertura vacinal, R$ 9 retornam por meio do PIB (Produto Interno Bruto).

Nesta quinta-feira (9/jun), o professor Cassio e os pesquisadores que estudaram o impacto da vacina na economia foram entrevistados pelo Jornal da Cultura (TV Cultura).

Pesquisa foi coordenada por pesquisadores da FCMSCSP

A pesquisa surgiu como um alerta a todos para garantir a proteção, por meio da vacina, de recém-nascidos contra doenças que já foram extintas. O estudo aponta que em 2021, somente 60% crianças tomaram a vacina DTaP, responsável por prevenir difteria, tétano e coqueluche; 68% tomaram a vacina BCG, que protege contra tuberculose; e 73% tomaram a tríplice viral, indicada para proteger contra os vírus do sarampo, caxumba e rubéola. O ideal para as três vacinas é que a cobertura atinja entre 90 a 95% do público-alvo.

Cassio alerta que, caso a cobertura vacinal continue caindo, é possível que doenças erradicadas voltem, como aponta o aumento de casos de tuberculose infantil no Brasil, por exemplo. “A gente tem a chance de voltar para aquela situação dramática da gente ver hospitais lotados com paralisia infantil, pessoas que vão ter para o resto da sua vida pulmão artificial. Esse retrocesso nos preocupa muito”, alerta.

De acordo com a pesquisa, dentre os motivos para a baixa cobertura vacinal está a falta de vacinas nos postos e a falta de comunicação dos órgãos públicos com a população, a fim de relembrar a importância da vacina contra doenças erradicadas, resultado de antigas e bem sucedidas campanhas, e desmistificar as notícias falsas sobre as vacinas. Estes motivos também conflitaram durante o começo da campanha contra a Covid-19, porém, neste caso, não foi bem sucedido.