08/03/2023

Egresso da Faculdade da Santa Casa de SP coordena o novo Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis, recém criado pelo Ministério da Saúde Eder Gatti, mestre em Saúde Coletiva pela FCMSCSP, é o diretor da nova estrutura, que passou a integrar a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente

No ano em que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) completará seu cinquentenário, e no momento em que as coberturas vacinais no Brasil enfrentam forte queda, o Governo Federal, por meio do Decreto Nº 11.358, de 1º de janeiro de 2023, criou o Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis, que passa a integrar a estrutura regimental da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. O médico infectologista Eder Gatti foi o escolhido para coordenar a nova estrutura.


Os professores doutores José Cassio de Moraes e Maria Amélia Veras, do Departamento de Saúde Coletiva do curso de Medicina da Faculdade da Santa Casa de SP defendem a criação do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis pelo Ministério da Saúde e a escolha de Eder Gatti como seu diretor (Foto: Divulgação/Ministério da Saúde)


Formado em 2006 pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Gatti é mestre em Saúde Coletiva pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e doutor em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina da USP. Até a nomeação para o Ministério da Saúde, ele atuava no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, no Instituto Butantan e no Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do estado de São Paulo.

O professor e pesquisador Dr. José Cassio de Moraes, do Departamento de Saúde Coletiva da FCMSCSP, defende a criação do departamento e a nomeação de Gatti para coordená-lo. “É um profissional capacitado, que temos certeza que fará um bom trabalho. Temos a esperança que a cobertura vacinal possa recuperar o prestígio que tinha na metade dos anos 2000”, disse.

Além de ser professor dos cursos de Mestrado Profissional e Acadêmico em Saúde Coletiva da Faculdade da Santa Casa de SP, Moraes acompanhou o trabalho de Gatti em outros momentos, quando o agora diretor do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis atuava na divisão de imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica na Secretaria da Saúde de São Paulo, investigando eventos supostamente associados às vacinas tendo um papel importante no esforço pela imunização durante a pandemia de Covid-19.

Para professores da Faculdade da Santa Casa de SP, Departamento de Imunização será importante instrumento na busca pelo aumento nas taxas de cobertura vacinal

O Prof. Dr. José Cassio de Moraes é um dos coordenadores de pesquisa inédita que identificou os motivos da queda na cobertura vacinal infantil no Brasil. O trabalho, que foi realizado por solicitação do Ministério da Saúde, teve o resultado divulgado em junho do ano passado. Para o professor, a criação do departamento é importante porque a nova estrutura terá maior autonomia para decisão e intervenção no processo de recuperação das taxas de cobertura vacinal

Atualmente, estes índices, que são fundamentais para evitar ocorrência das doenças imunopreveníveis — por impedirem a circulação de vírus que já foram eliminados do Brasil, como o vírus da poliomielite, além de barrar ou reduzir internações de crianças e adultos por doenças imunopreveníveis —, estão em queda. “Além de ser um trabalho que visa assegurar a garantia do direito da população, a vacinação é fundamental também do ponto de vista econômico, pois poupa gastos com internação, poupa vidas, e, por isso, se torna o programa de maior impacto na prevenção das doenças, se igualando ao saneamento básico, que reduziu inúmeras doenças imunopreveníveis.”

Já para a para a professora doutora Maria Amélia Veras, também do Departamento de Saúde Coletiva do curso de Medicina da Faculdade da Santa Casa de SP e coordenadora do Mestrado Acadêmico e do Doutorado em Saúde Coletiva, o nome de Gatti é uma excelente indicação para chefiar o novo Departamento de Imunização. “O PNI se constituiu como um dos maiores e mais bem sucedidos programas de saúde pública para as doenças imunopreveníveis do mundo”, disse. “O Brasil passou a ser reconhecido internacionalmente pelas excelentes coberturas vacinais obtidas, o que permitiu o controle de várias doenças como pólio, sarampo, meningites, além de ter sido um dos países em que ocorreu a erradicação da varíola.”

Para a professora, que foi orientadora de Gatti em sua dissertação de Mestrado, infelizmente, nos últimos anos a vacinação não vinha recebendo a devida atenção o que acarretou em coberturas vacinais muito abaixo dos níveis necessários para manter as doenças sob controle, conforme comprovou o estudo coordenado pelo Prof. José Cassio de Moraes e outros docentes do Departamento de Saúde Coletiva da FCMSCSP. “A criação do novo Departamento de Imunização do Ministério da Saúde e a indicação de Eder Gatti são passos importantes que demonstram a importância que está sendo dada às vacinas pela nossa ministra da Saúde Nísia Trindade.”

Falta de acesso e falha em campanhas de comunicação social foram decisivas para a queda da cobertura vacinal

Os resultados do Inquérito de Cobertura Vacinal mostram que existe uma série de fatores que podem explicar a queda da cobertura, dentre eles o acesso da população às unidades básicas de saúde que são as responsáveis pela aplicação das vacinas. “Na pesquisa, notamos uma dificuldade no próprio funcionamento das unidades básicas em que as pessoas têm que voltar um maior número de vezes além do necessário para completar seu esquema de vacinação”, aponta Moraes. “Também observamos uma deficiência do sistema de informação: ao compararmos os dados da cobertura com o PNI havia uma diferença muito grande.” Além disso, Moraes destaca como uma falha importante a comunicação social, que foi deixada de lado nos últimos anos. “As campanhas de multivacinação eram realizadas para recuperar esquemas atrasados. A população não conhecia a existência da campanha e, portanto, não comparecia aos locais de vacinação.”

Sobre o Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da FCMSCSP

O programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) oferece três cursos stricto sensu: Mestrado Profissional, Mestrado Acadêmico e Doutorado Acadêmico. Busca desenvolver a capacidade do aluno para formular e conduzir pesquisas no campo da Saúde Coletiva, visando contribuir para a produção de conhecimentos academicamente sólidos e socialmente relevantes na área, que possam ser aplicados à Política Nacional de Saúde, resultando na melhoria das condições de saúde da população.

Sobre a FCMSCSP

A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) é uma das escolas de ensino na área da saúde mais tradicionais do país. Referência no ensino humanizado desde 1963, atua de maneira decisiva para ampliar horizontes de futuros e atuais profissionais por meio de cinco cursos de graduação — Medicina, Enfermagem, Fonoaudiologia, Radiologia e Sistemas Biomédicos —, e mais de 50 cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, entre especializações, mestrados, doutorados, pós-doutorados e de atualização. Em quase seis décadas de atuação, formou mais de 5,5 mil médicos.

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